A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou nesta quinta-feira que está “frustrada” com a demora do governo federal em anunciar as medidas de apoio ao setor sucroalcooleiro, um dos mais afetados pela pandemia da covid-19.
De acordo com ela, a “bola” está com o Ministério da Economia. O assunto vem sendo discutido há mais de um mês, sem definição. Na semana passada, fontes próximas ao tema chegaram a dizer que o anúncio das medidas seria uma questão de dias, mas isso não se confirmou.
POD NOS TRILHOS
- Investimentos, projetos e desafios da CCR na mobilidade urbana
- O projeto de renovação de 560 km de vias da MRS
- Da expansão da Malha Norte às obras na Malha Paulista: os projetos da Rumo no setor ferroviário
- TIC Trens: o sonho começa a virar realidade
- SP nos Trilhos: os projetos ferroviários na carteira do estado
“Achei que a gente já teria [nesta quinta-feira] todas as respostas e o martelo batido porque já tem 40 dias que a gente vem tratando semanalmente desse tema”, afirmou Tereza, citando o esforço conjunto dela com o ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque.
A ministra disparou as críticas em “live” realizada nesta quinta-feira pelo banco BTG Pactual. O debate virtual também contou com a participação de Marcos Lutz, executivo do grupo Cosan, sócio da maior produtora de etanol do país.
Entre as medidas de apoio em estudo está o aumento da Cide cobrada na gasolina. Essa medida pode aumentar a competitividade do etanol, mas o sinal dado por Tereza Cristina é que o Ministério da Economia ainda não decidiu se vai atender esse pleito.
“Espero que até segunda-feira [o governo] dê um sinal para o mercado do que vai acontecer”, afirmou a ministra, lembrando que, para entrar em vigor, o aumento de Cide na gasolina precisa respeitar o prazo legal de 90 dias – a chamada “noventena”.
Se ainda não há definição sobre a Cide, a ministra disse que há avanços com os bancos públicos e privados para criar uma linha de estocagem de etanol, outro pleito do setor.
A ministra indicou que outra medida que deve sair é a postergação do pagamento de PIS e Cofins, mas que falta agilidade para colocar essa ajuda em marcha. “[A medida do] PIS/Cofins que vai acontecer, mas a gente precisa que ele aconteça rapidamente”, disse.
Evitar ruídos na diplomacia
Em um sinal de descontentamento com as declarações feitas por integrantes do governo federal sobre a China, a ministra da Agricultura também disse nesta quinta-feira que o Brasil não deve “se meter em briga de gente grande”. Ela não foi explícita, mas claramente se referia à disputa entre EUA e China.
“Temos que ter muito cuidado com as declarações, com aquilo que a gente fala, com as atitudes nossas em relação aos mercados [externos]”, disse a ministra da Agricultura, advertindo que a perda de acesso a países pode ocorrer de forma abrupta.
“Ganhar um mercado não é fácil e ter a manutenção desse mercado é uma coisa que precisa de trabalho. [Mas] para perder mercado é daqui para li. Quando perde, o tempo muito maior para voltar”, argumentou a ministra, reafirmando a importância do continente asiático para as exportações do agronegócio brasileiro. As vendas à Ásia superam Estados Unidos, Argentina e Europa somados.
Além de Tereza Cristina e Marcos Lutz, o debate virtual promovido pelo BTG contou com a presença do CEO da BRF, Lorival Luz.
Seja o primeiro a comentar