Valor Econômico – O processo sucessório para definir o presidente da Vale prossegue, mas ainda sem conclusões. O conselho de administração da mineradora se reúne nesta quinta-feira (22) para aprovar as demonstrações financeiras relativas ao ano de 2023 e a sucessão do CEO pode ser discutida, embora não esteja oficialmente na pauta do encontro.
O mandato do atual presidente, Eduardo Bartolomeo, vence em maio e a discussão está centrada na possível recondução dele — um engenheiro de longa carreira na Vale — ou na abertura de um processo competitivo para selecionar um nome a partir de lista tríplice feita por empresa especializada em recrutamento de executivos. Se a opção for pela abertura desse processo, Bartolomeo poderia ser incluído entre os três candidatos.
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Como mostrou o Valor na semana passada, a sucessão na mineradora, uma das maiores empresas brasileiras, chegou ao ponto de ficar travada, o que evidenciou racha no conselho de administração.
Na mesma quinta-feira (15) em que as informações de bastidores indicavam um impasse na sucessão, a Vale divulgou comunicado dizendo que uma nova reunião do colegiado seguiria discutindo o tema. Essa reunião ainda não foi realizada.
Nesta quinta-feira (22), o conselho se reúne para analisar o balanço contábil do quarto trimestre de 2023 e do ano como um todo. É possível, porém, que o tema sucessório seja tratado, mas é difícil afirmar de antemão se pode haver uma solução.
O encontro dos conselheiros da mineradora no dia 15 evidenciou situação inusitada, segundo a qual não houve autorização nem para a renovação do contrato de Bartolomeo, que é de três anos, nem para dar seguimento ao trabalho do “headhunter”.
O impasse foi estabelecido a partir de um empate na votação.
Houve seis votos pró-recondução do atual CEO e seis votos pela abertura de processo competitivo, o que pode ser interpretado, indiretamente, como um voto contrário a Bartolomeo.
Houve ainda uma abstenção, de Luis Guimarães, conselheiro que representa a Cosan, de Rubens Ometto, e que é apontado como potencial nome para futuro presidente da Vale.
Os votos favoráveis à recondução de Bartolomeo partiram de cinco conselheiros independentes, sendo três estrangeiros (Douglas Upton, Manuel Oliveira e Vera Inkster) e de dois brasil brasileiros (José Luciano Penido e Paulo Hartung).
Houve ainda um voto favorável ao atual CEO por parte do conselheiro da japonesa Mitsui, investidor de referência da Vale, Shunji Komai.
Do outro lado da mesa, ficaram os conselheiros favoráveis à abertura do processo competitivo, também com seis votos.
Foram eles: Daniel Stieler, o “chairman”, e João Fukunaga, ambos ligados à Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil; os conselheiros independentes Marcelo Gasparino e Rachel Maia; o representante da Bradespar, empresa de participações do Bradesco, Fernando Buso; e o conselheiro ligado aos empregados da Vale, André Madeira.
A Previ é o único acionista por meio do qual o governo tem condições de influir diretamente no tema.
A tentativa de interferência do governo no processo sucessório da Vale ficou evidente quando o Planalto tentou fazer o ex-ministro Guido Mantega CEO da empresa. Diante da reação negativa, o governo terminou recuando.
A partir da reunião do dia 15, ficou estabelecido que Stieler, na condição de presidente do conselho, buscaria aproximar as partes em torno de um entendimento.
A primeira impressão que ficou foi de que essa solução passaria pela Cosan, a única a se abster.
Mas pode ser que a busca de um acordo mais amplo inclua negociações entre partes que parecem ter posições consolidadas nesse tema.
Para aproximar posições, portanto, será inevitável a disposição para perdas e ganhos entre as diferentes partes interessadas.
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