Valor Econômico – Na tentativa de destravar a sucessão do CEO, emperrada há duas semanas, a Vale considera algumas alternativas, mas ainda sem acordo definitivo entre as partes. Diante do impasse, uma das propostas passa por estabelecer mandato de transição para o atual presidente, Eduardo Bartolomeo. Nessa recondução, o mandato seria menor do que o estipulado no estatuto da companhia, que é de três anos, e incluiria o compromisso de se trabalhar mais adiante por uma sucessão, apurou o Valor.
Em janeiro, este jornal já havia adiantado que a possibilidade de um mandato mais curto era uma alternativa em estudo, mas depois essa hipótese não foi mais aventada publicamente. O tema volta à baila agora, duas semanas depois de uma reunião do conselho de administração da companhia evidenciar um racha no tema sucessório. O impasse deixou o colegiado travado, em um impasse.
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Na ocasião, em 15 de fevereiro, houve um empate de votos entre os conselheiros que apoiam a recondução direta de Bartolomeo e aqueles que querem um processo competitivo para escolher o principal executivo da empresa a partir de uma lista tríplice. De lá pra cá, o colegiado segue dividido, não há uma nova reunião extraordinária marcada, mas foram designados representantes de ambos os lados para buscar um entendimento.
Ao mesmo tempo, porém, o governo segue tentando influenciar a sucessão nos bastidores. A interlocução se daria via ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, apurou o Valor. Pessoas próximas ao MME negaram, porém, que Silveira esteja envolvido e disseram que o ministério aguarda a empresa definir a vida corporativa para discutir temas importantes que interessam ao país, como um acordo global de reparação da tragédia de Mariana (MG), de 2015, e questões envolvendo direitos minerários.
“Estamos aguardando a Vale se resolver”, disse fonte ligada ao MME. O interlocutor afirmou ainda que, diante do impasse para indicar o CEO, a companhia demostra que tem problemas de interesses não resolvidos entre os próprios acionistas: “Quais são os interesses controversos entre os acionistas que levaram à essa falta de definição?”, questionou o interlocutor.
Ontem o colunista Lauro Jardim, de “O Globo”, publicou que o governo tem intensificado as pressões para fazer o CEO da Vale e estaria articulando o nome de Paulo Cafarelli, ex-presidente do Banco do Brasil, para suceder Bartolomeo. Procurado, Cafarelli não comentou. Cafarelli seria o plano B depois de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ter desistido de fazer o ex-ministro Guido Mantega como CEO diante da repercussão negativa.
Nos bastidores, as articulações indicam que seria de interesse do grupo contrário à recondução de Bartolomeo, incluindo parte do governo, estender o processo pelo tempo que for necessário, o que leva a mais desgaste tanto do atual CEO como da própria companhia. Para o grupo que apoia a recondução, a busca é de uma solução dentro da governança da empresa o mais breve possível. Desde o começo do ano, a ação da Vale recuou, saindo de um patamar de R$ 77 para R$ 67 (ver quadro).
O desempenho da Vale e, por consequência, a ação da empresa, são influenciados por razões conjunturais, caso do preço do minério de ferro e o câmbio, mas a sucessão tem sido fator de desgaste para a companhia há meses. Na conferência de resultados do quatro trimestre, na semana passada, analistas de bancos insistiram no assunto e as respostas da empresa foram protocolares. O mercado reconheceu, porém, o bom resultado operacional em 2023.
Racha na Vale mostra que há interesses não resolvidos entre os próprios acionistas da companhia
O que está claro, na visão de pessoas próximas à Vale, é que a solução por um mandato mais curto é complexa e não resolve definitivamente o problema da empresa. A medida faria com que em curto espaço de tempo, muito antes do fim do mandato a ser fixado, se iniciasse novo processo sucessório que deixaria a companhia em contínua campanha pela eleição para CEO. “Não é o ideal”, disse uma fonte.
Existem ainda questões legais a serem resolvidas para tornar viável essa solução. Uma delas é se seria necessário mudar o estatuto da Vale, que prevê mandato de três anos para toda a diretoria-executiva, incluindo o CEO, enquanto o conselho de administração tem mandato de dois anos, vencendo agora só em abril de 2025. Esse descasamento foi feito para dar mais independência à diretoria depois da tragédia de Brumadinho, em janeiro de 2019.
As discussões sobre uma eventual necessidade de mudar o estatuto estão em curso. Também é possível que, se não houver uma solução até maio, quando termina o mandato de Bartolomeo, o executivo possa permanecer no cargo numa espécie de prorrogação. Mas há também quem siga apostando na seleção de um nome a partir de lista tríplice como a melhor alternativa. A corda na Vale, como se vê, segue esticada.
Ninguém está demonstrando preocupação, com a empresa, que está entre as maiores do mundo. Querem usufruir!
O número de empregos também não interessa a esses abutres.
Quando começa a entrar no ambito politico, devemos preocupar.
Está parecendo, vários urubus em cima da carniça.