Valor Econômico – A Vale concluiu ontem uma captação de R$ 6 bilhões com debêntures, após nove anos sem acessar o mercado interno de dívida. O volume foi o terceiro maior deste ano. A taxa dos papéis ficou abaixo da remuneração de um título público equivalente.
“Isso é algo realmente incomum no mercado, porque geralmente os emissores não fazem com a taxa abaixo da NTN-B. O mercado mostrou apetite por uma empresa que tem um risco superbaixo”, diz Ivie Moura Alves, sócia de mercado de capitais do escritório Pinheiro Guimarães, que assessorou a Vale na operação.
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Os bancos, porém, ficaram com a maior parte dos papéis, cerca de 62%, segundo informações enviadas à Comissão Valores Mobiliários (CVM). Dos R$ 6 bilhões emitidos, R$ 2,4 bilhões ficaram nas mãos de pessoas físicas, jurídicas e fundos de investimento.
Os papéis foram divididos em três séries. Na primeira, que vence em dez anos, a mineradora vai pagar o equivalente a NTN-B 2035 menos 0,3% ao ano. Na segunda, de 12 anos, o equivalente a Tesouro IPCA 2035 menos 0,25% ao ano. No último grupo, IPCA 2040 menos 0,2% ao ano.
A oferta deve ser uma das últimas de 2024 com taxas abaixo da remuneração de um título público, considerando que o movimento de queda dos spreads das debêntures, que ganhou força nos últimos meses, parece ter chegado ao limite.
A perspectiva é de um fim de ano menos agitado do que o restante de 2024, segundo Frederico Moura, sócio da área de infraestrutura e mercado de capitais do Stocche Forbes, que atuou na operação da Vale pelo lado dos bancos.
“Ainda vemos um movimento de operações sendo iniciadas agora para fecharem ainda neste ano, mas acho que são emissões mais ligadas à infraestrutura, de empresas que, por exemplo, venceram leilões recentes e precisam pagar a outorga ou empréstimos-ponte”, diz Moura.
“Talvez neste fim de ano a gente não veja um grande movimento de emissões. Claro que tem alguns nomes que precisam pegar algum dinheiro de última hora, mas acho que quem se programou já captou ao longo do ano”, afirma Alves.
A Vale vai utilizar o dinheiro para projetos de infraestrutura, como investimentos em ferrovia. A última oferta de debêntures feita pela mineradora foi em setembro de 2015.
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