Folha de S. Paulo – A quantidade de pessoas que saem de casa todos os dias caiu na região metropolitana de São Paulo, mesmo depois de superada a pandemia de Covid-19. A conclusão é da pesquisa Origem e Destino 2023 do Metrô SP, e é a primeira vez que se constata essa mudança nos hábitos de mobilidade urbana de forma consistente, a partir das respostas dos moradores de 32 mil domicílios.
Em 2017, cada morador da Grande São Paulo fazia em média dois deslocamentos por dia —por qualquer meio, seja transporte coletivo, automóvel, de bicicleta ou a pé. O índice de mobilidade era de 2,02 viagens por pessoa. Em 2023, essa taxa caiu para 1,68.
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É o menor índice na série histórica da pesquisa OD, que começou em 1967. Todos os tipos de viagens diminuíram, tanto aquelas em veículos motorizados quanto caminhadas ou trajetos de bicicleta. Calcula-se que 7,7 milhões de pessoas não fizeram viagens em outubro de 2023, data de referência para a pesquisa —1,5 milhão a mais do que seis anos antes.
A explicação passa pelas modalidades de trabalho e estudo a distância que se consolidaram a partir da pandemia e da necessidade de isolamento social, mas também pelo envelhecimento da população.
Para estimar o número de viagens diárias na região metropolitana de São Paulo, os pesquisadores perguntaram sobre todos os deslocamentos que os entrevistados haviam feito no dia anterior à entrevista. As respostas dizem respeito apenas a dias úteis.
O número de viagens diminuiu entre pessoas de todas as idades, grau de escolaridade e faixas de renda. Em comparação com 2017, a mudança mais notável é o aumento na quantidade de pessoas com trabalho fixo que ficam em casa.
Antes, eram 730 mil pessoas com esse perfil, o equivalente a 11% daqueles que tinham feito nenhum deslocamento no dia —a pesquisa chama esse público de “não viajantes”. Agora, são 2,1 milhões de pessoas com trabalho fixo que não fizeram nenhum deslocamento, que correspondem a quase 28% dos não viajantes.
São o maior grupo entre aqueles que ficam em casa. Em segundo estão os aposentados e pensionistas. O estudo estimou que 1,8 milhão deles não fizeram viagens no período pesquisado, o que equivale a 23% do total.
O número de matrículas diminuiu na região metropolitana, o que ajuda a explicar a queda nos deslocamentos. A pesquisa contou 5,1 milhões matrículas escolares em todo o território, o que significa queda de 6,5% em relação a 2017.
Mesmo com o EAD (Ensino a Distância), o estudo segue como o segundo motivo mais comum pelo qual os moradores da Grande São Paulo saem de casa: 36% das viagens diárias são motivadas pela escola ou pela universidade. O trabalho é a razão para quase 19 milhões de viagens diárias, ou 46% do total.
A pesquisa diz que as aulas presenciais são a regra para 91% dos alunos na região metropolitana. O EaD é adotado por 6% dos estudantes, e o modelo híbrido corresponde a 3,4% dos casos.
No mundo do trabalho, a maioria (87%) ainda exerce sua profissão presencialmente. Aqueles que só fazem home office são quase 7% da força de trabalho, enquanto o modelo híbrido corresponde a cerca de 6%.
Nas edições anteriores, a pesquisa não questionava a modalidade de trabalho e estudo, portanto não é possível estimar o crescimento do home office e do EAD na região.
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