Investimento da Vale em Carajás mira em expansão no cobre e ganha pontos com o governo

Estadão –  A Vale lançou, nesta sexta-feira, 14, em meio a um tour do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região Norte, seu programa Novo Carajás, composto por projetos que somam R$ 70 bilhões. Em discurso no evento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a Vale nunca deveria ter deixado de se alinhar com os interesses do Estado, pois no seu entender deve fazer investimentos que beneficiem a sociedade, e indicou a expectativa de reaproximação com a empresa em virtude da nova liderança.

Com o investimento, a Vale quer sustentar o crescimento da produção de minério de ferro e ampliar a de cobre. O objetivo é garantir uma liderança no segmento de transição energética.

Neste contexto, o cobre é cobiçado por ser usado em baterias e equipamentos de energia renovável. Já os aportes em minério de ferro vão atender à necessidade de reposição de minas em exaustão e à expansão de 20 milhões de toneladas na mina S11D, conforme o Estadão/Broadcast apurou com pessoas a par dos projetos.

Nos últimos dois anos, desde que retornou ao Planalto, Lula vem reclamando, entre outras coisas, de que a Vale deveria fazer mais investimentos e gerar empregos e ter maior alinhamento com o modelo de desenvolvimento do país. Além disso, fez pressão para colocar o ex-ministro Guido Mantega na cadeira de CEO, o que levou turbulência à companhia e um racha no Conselho de Administração da mineradora.

Mas uma reaproximação vem se desenhando desde que o economista Gustavo Pimenta assumiu o cargo de CEO da Vale, em outubro de 2024. Desde então, a Vale conseguiu fechar dois acordos envolvendo o governo federal: a compensação pelo desastre de Mariana, com pagamento de R$ 100 bilhões (além de obrigações a fazer), e a revisão de valores da renovação antecipada de duas ferrovias, a Carajás (EFC) e a Vitória-Minas (EFVM), pela qual vai desembolsar R$ 17 bilhões.

Além disso, no fim de janeiro, Pimenta se reuniu com Lula no Planalto e, conforme pessoas a par da conversa, apresentou os projetos do Novo Carajás. Agora, a presença de Lula no lançamento do programa da Vale dá indicação de que a aproximação com o Planalto está em pavimentação. Lula frisou que tem expectativas positivas para a relação da empresa com o governo na gestão de Pimenta.

Pimenta, por sua vez, indicou que a Vale tem muitas oportunidades de investimento no Brasil e que vê convergência com os interesses da companhia.

O canal aberto com o governo é crucial para mineradoras, que dependem de concessões e licenças — inclusive ambientais — para desenvolver minas e sistemas de logística, com ferrovias e terminais portuários.

Mesmo satisfeito com o pacote de investimentos da Vale, porém, o governo deve manter a pressão para que a mineradora faça negócios considerados estratégicos, conforme apurou o Estadão/Broadcast.

O mais relevante no momento é a Bahia Mineração (Bamin), que abrange uma jazida de minério de ferro, a concessão do trecho 1 da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (Fiol) e o Porto Sul, em Ilhéus.

O empreendimento pertence ao grupo cazaque Eurasian Resources Group (ERG), que não conseguiu atrair sócios para fazer os investimentos necessários, cerca de R$ 30 bilhões. Por isso, pretende vender o projeto, e o Planalto teria buscado influenciar a Vale para que faça a aquisição, estimada em R$ 6,5 bilhões, e viabilize o empreendimento.

Em comunicado ao mercado, a empresa reiterou que faz avaliações de oportunidades “em especial aquelas sobre ativos com potencial contribuição às prioridades estratégicas” e frisou que decisões quanto à alocação de capital seguem rigoroso processo de avaliação. Mas há, no mercado, rumores de que a mineradora brasileira está perto de fechar o negócio.

Fonte: https://www.estadao.com.br/economia/investimento-vale-carajas-mira-expansao-cobre-ganha-pontos-com-governo/

Seja o primeiro a comentar

Faça um comentário

Seu e-mail não será divulgado.


*



0