Uma equipe da seção de Engenharia de Estruturas do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) faz, nesta quarta-feira (3) e quinta-feira (4), uma visita às instalações do monotrilho de Poços de Caldas (MG).
Os técnicos querem elaborar uma proposta de trabalho, a pedido da Prefeitura, para avaliar as condições estruturais das lajes, vigas e pilares, segundo informou a empresa ao G1.
Em março, o prefeito Sérgio Antônio Carvalho de Azevedo (PSDB) disse que em 90 dias uma empresa seria contratada para avaliar a estrutura. Para o chefe do Executivo, o objetivo é colocar o monotrilho para funcionar, mas tudo vai depender do estado da estrutura, segundo informou o Poder Público.
A construção
O contrato de construção do monotrilho de Poços foi assinado em 1982 para ser um meio de transporte revolucionário, uma forma até para atrair mais turistas ao município.
Décadas depois, o trem andou muito pouco e a história do transporte suspenso de passageiros coleciona entraves.
Depois da assinatura do contrato, a concessionária responsável teria dez anos para construir e inaugurar o transporte, mas uma série de problemas atrasou o processo e a abertura ocorreu nos anos 2000.
Nos últimos 20 anos, foram falhas técnicas e períodos de inatividade do sistema, além de desentendimentos entre a Prefeitura e a empresa, principalmente no tocante a responsabilidade da manutenção e a obra. Em 2003, duas pilastras caíram, derrubando parte da estrutura. Desde lá, as viagens não foram mais retomadas.
Veja a linha do tempo do monotrilho:
agosto de 1981: câmara aprova a construção e a abertura de licitação para o monotrilho.
outubro de 1981: prefeitura assina o contrato com a empresa J. Ferreira Ltda. A ideia era que ela bancasse toda a obra e, depois de 50 anos de funcionamento, devolvesse o monotrilho para a prefeitura. A construção começa no mesmo ano.
janeiro de 1989: as obras ficaram paradas e a prefeitura faz estudos nos contratos com a concessionária para determinar quais medidas tomar para o reinício do serviço.
junho de 1990: testes experimentais são realizados, mas após uma falha grave, são suspensos.
25 de setembro de 2000: após a inauguração oficial, o trem descarrila em uma curva e 19 pessoas têm que ser resgatadas pelo Corpo de Bombeiros. O monotrilho funciona poucas vezes até 2003, quando é suspenso definitivamente.
14 de novembro de 2003: duas pilastras, que ficam ao longo da Avenida João Pinheiro, caem e derrubam cerca de 50 metros da estrutura.
9 de março de 2005: um laudo aponta que a culpa foi de obras realizadas pela prefeitura para desassoreamento do Ribeirão Poços de Caldas, que corta a cidade.
30 de setembro de 2014: Ministério Público trabalha para que o monotrilho volte a funcionar, mas um impasse entre a prefeitura e a empresa mantém o serviço suspenso.
17 de dezembro de 2014: concessionária e prefeitura não entram em um acordo referente ao Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) do monotrilho proposto pelo MP. O trem segue sem funcionar.
22 de julho de 2015: a EPTV Sul de Minas, afiliada da Rede Globo, mostra que moradores de rua usam o monotrilho como abrigo e se recusam a ir para centros de recolhimento da cidade.
22 de março de 2016: uma liminar da 3ª Vara Cível de Poços de Caldas determina que a prefeitura faça reparos no monotrilho para evitar que parte da estrutura desabe.
26 de março de 2016: prefeitura questiona a liminar e pede que a empresa que tem a licitação seja intimada.
20 de março de 2017: um abaixo-assinado pede a demolição da estrutura do monotrilho. O grupo alega que o empreendimento deixou um legado de agressão à natureza, além do risco à segurança dos moradores e visitantes da cidade.
5 de dezembro de 2018: parte da estrutura do monotrilho é isolada para manutenção. A medida é tomada pela empresa responsável pela construção inicial do trem.
29 de janeiro de 2019: a empresa J. Ferreira Ltda desiste de contrato de concessão do monotrilho e entrega a obra à Prefeitura de Poços de Caldas.
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