Valor Econômico – A Vale divulga nesta segunda-feira (2) a primeira edição de um relatório com informações financeiras relacionadas a medidas de sustentabilidade. Com a publicação, a mineradora se antecipa a uma obrigatoriedade estabelecida pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que passa a valer em 2027. A mineradora informou que será a primeira empresa no Brasil a informar os dados no novo padrão.
No documento, a Vale informa que foram investidos R$ 7,4 bilhões em iniciativas de descarbonização entre 2020 e o fim de 2024, sendo R$ 1,38 bilhão só no ano passado.
“A antecipação demonstra o protagonismo da Vale no tema [de sustentabilidade] e o quão central isso é na nossa estratégia”, disse Marcelo Bacci, vice-presidente de finanças e relações com investidores da Vale. “Somos a primeira companhia do Brasil e a primeira do mundo no nosso setor a publicar o relatório.”
Conforme divulgado pela CVM em outubro de 2023, as companhias abertas, fundos de investimentos e companhias securitizadoras devem passar a divulgar o relatório de informações financeiras relacionadas à sustentabilidade com base no padrão do Conselho Internacional de Normas de Sustentabilidade (ISSB, na sigla em inglês). O relatório deve ter objetivos e prazos de cumprimento com base em política de finanças sustentáveis e deve ser apresentado separado das demonstrações financeiras.
O vice-presidente da Vale diz que o documento tem alto nível de transparência e mais detalhes em comparação às demais divulgações que a mineradora já faz: “Esse novo relatório é uma evolução em termos de transparência”, diz Bacci.
A mineradora tem como meta reduzir em 33% as emissões de gases de efeito estufa diretas e indiretas, os chamados escopos 1 e 2, até 2030, tendo como base de comparação o ano de 2017.
Até o fim de 2024 a Vale se aproximava dos 27% de redução de emissão de gases nos escopos 1 e 2, segundo o executivo.
O objetivo é zerar as emissões líquidas, o chamado “net zero”, até 2050. A empresa também busca reduzir em 15% as emissões relativas à cadeia de valor, de escopo 3, até 2035.
Em 2023, a companhia cumpriu a meta de ter todo o consumo de energia elétrica das operações vindo de fontes renováveis, como usinas hidrelétricas, eólicas e solares. A Vale afirma que a entrada em operação do complexo Sol do Cerrado, em Jaíba (MG), foi importante para atingir a marca.
A demanda crescente por metais para transição energética, como níquel e cobre, e os produtos de minério de ferro com potencial de reduzir emissões de carbono na siderurgia são vistos como oportunidades para a Vale, de acordo com a companhia.
A empresa lista como medidas de 2024, no sentido da descarbonização, o desenvolvimento do briquete de minério de ferro, que pode reduzir em até 10% as emissões em alto-fornos de siderúrgicas e viabilizar a produção do aço verde. A Vale também tem ampliado o uso de biocombustíveis nas operações para reduzir as emissões diretas.
Rodrigo Lauria, diretor de mudanças climáticas e carbono da Vale, afirma que uma das vantagens do novo padrão das informações financeiras sobre sustentabilidade é que as empresas passam a ter controle de processos de maneira mais estruturada. Vai permitir também a comparação entre as companhias com base na sustentabilidade: “Vamos poder detalhar mais os investimentos ao longo da cadeia, até mesmo as ações que tangenciam a transição energética.”
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