A possibilidade de perda de liquidez é o principal fator a justificar a conversão em units das ações preferenciais e ordinárias da América Latina Logística (ALL). A empresa foi listada em bolsa em junho do ano passado, em uma operação que resultou em R$ 588 milhões. A oferta secundária deve chegar a R$ 615 milhões. O período de reservas vai até o dia 21.
O novo papel a ser criado reunirá uma ação ON (com direito a voto) e quatro PNs (com prioridade de receber dividendos). Ricardo Fernandez, analista de renda variável do Banco ING, aposta em uma adesão maciça dos investidores aos novos papéis, o que deve fazer com que as ações que não forem convertidas se desvalorizem até 30% após a operação.
O analista mantém expectativas positivas para a empresa. Segundo ele, os resultados da ALL devem crescer cerca de duas a três vezes acima do PIB, puxados basicamente por investimento em novas locomotivas e vagões.
Fernandez destaca ainda que a ALL tem 35% do mercado de transporte de produtos agrícolas e industriais em sua área de atuação, mas poderia ter uma fatia maior, se investisse mais. “O custo mais barato do transporte ferroviário faz com que a demanda pelo serviço seja maior do que a oferta de vagões.”
Diante do cenário positivo, o especialista estabelece um preço alvo de R$ 20,00 por ação para as preferenciais, o que representa alta de 27,4% sobre o preço do fechamento de sexta-feira, de R$ 15,70.
Gustavo Alcantâra, da gestora Mercatto, coloca a empresa entre os casos de sucesso de 2004, mas diz que o seu crescimento não deve registrar taxas elevadas nos próximos anos, em especial porque os investimentos no setor são altos e os retornos, demorados. “A ALL tem crescido porque herdou uma estrutura estatal pouco eficiente, mas o fato é que não dá para dobrar o número de vagões por trilho”, diz. “Não vejo algo que mude radicalmente a taxa de crescimento daqui pra frente”, acrescenta.
Segundo ele, na faixa de preço que as ações da ALL se encontram, a oferta secundária deve atrair mais investidores internacionais do que locais, dispostos a diversificar suas carteiras formadas por papéis de empresas do setor ferroviário do mundo todo.
Fernandez, do ING, lembra ainda que a ALL passou por alguns percalços em 2004 – como o embargo de soja brasileira pela China, que acabou prejudicando o resultado do 4º trimestre. Ainda assim, desde o lançamento na bolsa, em 24 de junho, até a última sexta-feira, as ações PN da ALL subiram mais de 70%, ante alta de 33% do Ibovespa em igual período.
Seja o primeiro a comentar