“Fui mais famoso que ator da Globo”

Por Luiz Fernando Sá e Joaquim Castanheira

Houve uma época que o nome Luíz Eulálio Bueno Vidigal significava o poder econômico. Durante anos, à frente do grupo Cobrasma e da Fiesp, Vidigal era figura obrigatória nas páginas de jornais e revistas. Falava diariamente com presidentes da República, ministros, senadores e deputados. Outro interlocutor freqüente daqueles dias era o então líder sindical Luís Inácio Lula da Silva. Sentavam em lados opostos nas mesas de negociação salarial. “Dia desses, falei para ele que fomos dois sortudos. A imprensa não tinha o que noticiar e havia dois malucos, eu e ele, falando todos os dias sem parar”, conta Vidigal. “Viramos estrelas.” Os dias de glória terminaram no início dos anos 80. O governo quebrou e, com ele, carregou a indústria ferroviária e de bens de capital, justamente os setores nos quais a Cobrasma concentrava seus negócios. Uma enxurrada de ações judiciais acabou com qualquer esperança de recuperação daquele que chegou a ser uma dos mais fortes grupos empresariais do País, com mais de 17 mil funcionários. Hoje, aos 66 anos, Vidigal se dedica a acompanhar (“de longe”, como diz) alguns poucos negócios da família. O resto do tempo é absorvido pelas partidas de golfe. Mesmo com todas as mudanças em sua vida, Vidigal não perdeu a língua afiada que sempre o caracterizou, como mostra a entrevista a seguir.

DINHEIRO – O sr. ainda tem pendências na Justiça?

LUÍZ EULÁLIO BUENO VIDIGAL – As ações pessoais acabaram. Foram 17 ações criminais contra mim. Todas já transitaram em julgado no STJ. Preso, eu não vou mais. As cíveis continuam andando, mas são contra a Cobrasma, não contra mim. Há ainda algumas ações trabalhistas, mas o grosso está pago. Fiz um acordo com os funcionários e entreguei a fábrica. Facilitei, não recorri. Nesse caso, o sindicato ajudou muito. Fiz todos os cálculos para eles. Eles foram meus grandes sócios, mais na desgraça do que na alegria. Eles me ajudaram muito. Por outro lado, entrei com uma ação contra o governo.

DINHEIRO – O que sr. está pedindo?

VIDIGAL – Os reajustes que foram cancelados no Plano Cruzado e a atualização monetária deles. Está andando no ritmo da Justiça. Não saiu da primeira instância. A ação é contra a Rede Ferroviária Federal. Em 1987, eles cancelaram todos os reajustes de contratos de longo prazo.

DINHEIRO – Quanto seria o valor?

VIDIGAL – Corrigido, seria coisa de R$ 1 bilhão. A primeira coisa foi definir se era competência da Justiça Federal ou Estadual. Além disso, a Rede foi privatizada. As dívidas ficaram com o governo, mas os ativos foram privatizados. É uma situação jurídica complexa.

DINHEIRO – Não tem nem como executar.

VIDIGAL – Até é possível, mas acho difícil. O réu não existe do ponto de vista jurídico. Não entrei contra o governo, mas contra a Rede. Não tenho grandes esperanças.

DINHEIRO – Hoje, passados tantos anos, qual a avaliação que o sr. faz sobre os problemas financeiros da Cobrasma?

VIDIGAL – Foi um erro coletivo. Nós, os empresários do setor de bens de capital, fizemos um investimento com a mentalidade do Brasil Grande. Investimos num programa que tinha a assinatura do presidente Ernesto Geisel. Ele assinou uma carta de intenções para a compra de 27 mil vagões, 300 locomotivas e trezentos carros de passageiros. Foi tanta megalomania que o mercado só acabou de absorver esse total nos últimos dois anos, 30 anos depois do contrato. Só que na época acreditamos. Investimos US$ 50 milhões de dinheiro próprio e o BNDES emprestou US$ 50 milhões. O financiamento do BNDES se pagou e teve lucro financeiro. Mas mesmo assim, as encomendas nunca saíram. A fábrica tinha capacidade para produzir até cinco mil vagões. Nunca fez mais de mil.

DINHEIRO – O sr. acha que o setor ferroviário deslancha?

VIDIGAL – Acho que sim. É vantajoso para o agronegócio. Se toda a safra do ano passado fosse transportada por ferrovias, a economia seria de US$ 40 milhõ

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Fonte: Revista Isto é Dinheiro

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