General Electric reativa fábrica de locomotivas

O investimento em expansão da Companhia Vale do Rio Doce vai além do setor siderúrgico, no qual fechou recentemente acordos para a construção de usinas no Brasil com alemães e chineses. A recuperação da malha ferroviária administrada pela empresa permitirá a reabertura da fábrica de locomotivas da General Electric em Campinas, no interior de São Paulo, que estava fechada há anos. O presidente da Vale, Roger Agnelli, prometeu ao ministro da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, semana passada, que a multinacional terá encomenda garantida no País.

A mineradora se comprometeu em comprar dez locomotivas por ano da GE, o que é suficiente para garantir a reabertura da unidade. Atualmente, só há produção de vagões no Brasil, o que força a Vale a comprar locomotivas usadas nos Estados Unidos, quando precisa das máquinas com urgência. Em média, a entrega de uma de locomotiva nova leva dois anos. Além disso, há um complicador: a bitola nacional está fora dos parâmetros internacionais, o que afasta os interessados em fornecer trens para o mercado brasileiro.

Agnelli alerta que os investimentos em ferrovias são prioritários para evitar um “paradão“ logístico, numa referência ao apagão no setor de energia, em 2001. Ele destaca como saída para o setor o projeto de Parceria Público-Privada (PPP), recém-formatado pelo governo. A Vale estuda entrar em PPPs para expandir e redesenhar sua malha ferroviária. A Ferrovia Centro-Atlântico (FCA), por exemplo, teve mais de mil pontes recuperadas e túneis ampliados, para permitir a passagem de trens mais modernos. Mas poderia ter seu traçado alterado, já que, em diversos trechos, acompanha o curso de rios e não dispõe de rampas íngremes, hoje possíveis graças aos avanços da engenharia.

“As PPPs são interessantes para projetos em que o investimento é pesado, mas o retorno é longo a ponto de poder ultrapassar os atuais prazos de concessão”, acrescenta o presidente da mineradora. Agnelli ressalta, ainda, que as PPPs podem facilitar a obtenção de licenças ambientais e a desocupação de áreas em litígio, já que são um instrumento que conta com o aval do governo.

Fonte: Jornal do Brasil