David Briginshaw, Editor-chefe
Neste mês, a IRJ traz uma reportagem sobre o desenvolvimento das ferrovias de carga pesada no Brasil, na África do Sul e na Austrália. Um ponto em comum entre os três países é o modo como as ferrovias estão se preparando para receber um aumento substancial de tráfego. Essa matéria ajuda a preparar os participantes da 8a Conferência da IHHA e a Feira que ocorrerá entre os dias 14 e 16 de Junho, no Rio de Janeiro.
O Brasil possui uma história interessante ao longo de seus anos de ferrovias. Não é exagero dizer que as privatizações salvaram as ferrovias de uma morte anunciada. As antigas ferrovias administradas pela esfera federal (RFFSA) encontravam-se “sobre-equipadas” mas “sub-financiadas”, com fluxo cada vez menor. A solução encontrada foi dividir a ferrovia em redes regionais e oferecê-las às companhias privadas que disputaram as concessões – renováveis a cada 30 anos.
De acordo com a ANTF, as concessionárias já investiram 4 bilhões de reais (US$ 1.5 bilhões) desde a privatização em 1996. Houve um aumento em 34% no tráfego – 138 bilhões de toneladas por km em 1997 para 185.5 bilhões em 2003. Tudo isso impulsionou o mercado de ações no setor de cargas nacionais de 21% para 24%. A produtividade de vagões cresceu em 94%. O número de acidentes por milhão de trem/ km caiu em 55% (78.7 em 1997 para 35.4 em 2003). Apesar disso, a ANTF reconhece que esses números ainda estão muito abaixo do padrão internacional – entre 8 e 13 acidentes por milhão de trem / km.
As ferrovias planejam investir mais R$ 7 bilhões até 2008, sendo R$ 3.35 bilhões na recuperação da via, R$ 2 bilhões na compra de vagões e R$ 1.2 bilhões na compra de locomotivas. As fontes de recursos são: leasing, empréstimos e parcerias com clientes. O objetivo é aumentar a capacidade em 57%. Espera-se que o tráfego cresça 45% em relação a 2003 (269.4 bilhões de toneladas por km, aumentando em 28% o mercado de ações ferroviárias).
A ANFT avalia a necessidade de invistimentos da ordem de R$ 4,25 bilhões por parte do governo na melhoria da rede ferroviária até 2008. Caso isso aconteça, haverá um aumento para 291 bilhões de toneladas por km, dando às ferrovias 30% das ações no mercado.
O congresso aprovou o projeto das parcerias público-privadas (PPPs) e um fundo foi estabelecido para garantir que o governo libere verba suficiente para que cada projeto seja completado. Formado por ações que totalizam mais de R$ 4 bilhões de reais, este fundo não será usado diretamente nos projetos, eles apenas vão garantir a viabilidade do investimento. As ações são mantidas por empresas que o governo tem interesse em controlar.
O governo também anunciou as duas primeiras ferrovias das PPPs. Uma extensão de 660km da Ferrovia Norte-Sul, entre Estreito e Gurupi, e a construção de uma linha de 110Km que vai de Ipiranga à Guarapuava.
Algumas concessionárias obtiveram bons resultados. A MRS Logística, por exemplo, movimentou 98 milhões de toneladas no ano passado – comparado a 50 milhões em 1997. Espera-se que o número cresça para 200 milhões de toneladas até 2009. O lucro da empresa foi de R$ 222 milhões e os investimentos devem crescer de 330 milhões de reais em 2004 para 550 milhões esse ano.
No entanto, outras concessionárias não alcançaram o mesmo resultado. A Brasil Ferrovias acabou de reestruturar suas dívidas, no valor de R$ 1.8 bilhões, através de um acordo com bancos, empresas de suprimentos e acionistas. Essa reestruturação permitirá que, até 2008, a BF recupere sua rede e construa 252 novos quilômetros de via, que irão do Alto Araguaia até o centro de produção de soja em Rondonópolis.
A CFN, companhia nordestina, que não
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