O projeto e a engenharia financeira da ferrovia Nova Transordestina – que custará R$ 4,5 bilhões e será operada pela Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) – foi definido no Ministério da Integração Nacional (MIN), comandado pelo cearense Ciro Gomes. A confirmação foi dada ontem pelo chefe de gabinete do ministro, Pedro Brito, que admitiu ser o coordenador do projeto. “Só falta o anúncio que será feito pelo presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT)”, frisou. O projeto deveria ser de responsabilidade do Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (Dnit), ligado ao Ministério dos Transportes.
Pedro Brito estranhou o fato de o superintendente estadual do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), João Arnaldo Novaes, ter criticado o traçado proposto pela CFN e lembrar da existência de um projeto de autoria do Dnit, que já teve o Estudo de Impacto Ambiental (EIA-Rima) aprovado. Novaes disse que Suape sairia prejudicado na proposta da concessionária e que Pernambuco serviria apenas de “passagem para um projeto cearense”.
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Brito, que também coordena no MIN o projeto de interligação de bacias (transposição das águas do Rio São Francisco, que também custará R$ 4,5 bilhões), rebateu. “A parte do questionamento econômico não caberia ao Ibama”.
“Essa discussão nada acrescenta diante da relevância econômica para o desenvolvimento regional da ferrovia. Isso é uma arenga improdutiva”, emendou Brito, frisando que no momento que se anunciam grandes investimentos para o Nordeste, é importante estarem “todos unidos para aproveitar a oportunidade”. O projeto prevê a construção de um ramal completo em Pernambuco, enquanto no Ceará “ocorrerá apenas interligação de alguns trechos para se chegar a Pecém”. Ele garantiu que a ferrovia servirá “igualmente” aos Estados.
Pelo traçado apresentado pela CFN, dos 2 mil quilômetros previstos para a Nova Transnordestina, quase mil quilômetros serão construídos do zero em Pernambuco indo até Suape. Outros 800 quilômetros estão previstos para o Piauí até a cidade de Eliseu Martins. Para Pecém, a partir da bifurcação no município de Serrita, o novo trecho é de apenas 200 quilômetros até Missão Velha, no Cariri cearense. Brito admitiu que “após a FERROVIA construída vai caber à iniciativa privada definir as opções economicamente viáveis para seu uso. “O que existe é uma perspectiva de traçado, frisando que os ajustrs necessários serão feitos no projeto executivo.
ASSEMBLÉIA – A discussão em torno da Nova Transnordestina chegou ontem ao plenário da Aseembéia Legislativa. O deputado José Queiroz (PDT) anunciou o agendamento de audiência pública sobre o tema. Vai convidar representantes do governo do Estado, o deputado federal Armando Monteiro Neto (PTB) que é presidente da CNI, além do presidente da Fiepe, Jorge Côrte Real, e representantes da Rede Ferroviária Federal (RFFSA) e da CFN.
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