TEREZA CRUVINEL
As influências do “sindicalismo de negócios”, para usar a expressão do ex-presidente da Refer Jorge Moura, alcançaram também o espólio da RFFSA, hoje em liquidação. Os efeitos serão sentidos (ou não) amanhã, na assembléia de acionistas que decidirá sobre a destituição ou não do liqüidante, Edson Nascimento. Indicado pelo Tesouro, ele teria sofrido pressões do deputado Carlos Santana e de Marcelo Sereno, segundo Jorge Moura e outros políticos do Rio que preferiram se omitir a aceitar uma proposta de pai para filho da Vale do Rio Doce: pagar em serviços os R$ 600 milhões que deve ao patrimônio da RFFSA. A dívida vem do governo Collor, que vendeu à Vale, ainda estatal, um trecho ferroviário em Minas que ela usava com exclusividade para transportar minérios. Mais ainda queria a Vale: que o patrimônio da Rede fizesse investimentos de R$ 300 milhões no seu trecho ferroviário.
O benefício à Vale chegou a ser garantido pela MP 246, que caiu por decurso de prazo no meio da crise. Por ela o Tesouro assumiria a dívida. A MP facilitava também a venda dos últimos ativos da Rede, como terrenos valiosos em Recife, no Rio e em outras cidades. Como a medida caiu, eles estão por aí, baldios, facilitando a favelização das cidades.
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