O presidente da Codesp, José Carlos Mello Rego, apontou a `velocidade` da União ao tratar de projetos portuários, como um dos motivos da suposta demora na implantação desses empreendimentos. `É preciso um pouco mais de velocidade de decisão junto ao Governo Federal. As decisões no Porto de Santos envolvem ‘n’ ministérios`, o que tornaria o processo mais lento,
declarou o executivo para A Tribuna, em resposta a recentes críticas sobre a
Autoridade Portuária.
Os ataques à administração partiram tanto de políticos aliados como da
oposição, em reportagens publicadas nos últimos dois dias em A Tribuna. Na
última terça-feira, o ex-ministro dos Transportes e deputado federal Alberto
Goldman (PSDB) disse que os problemas enfrentados em Santos são explicados pela `mão-gestão` da companhia docas. Ontem, foi a vez do deputado estadual Fausto Figueira (PT), que defendeu um `choque de gestão` na empresa e que ela `deveria ser muito mais ágil em determinadas ações`.
Segundo Mello Rego, o aguardo de respostas dos órgãos de Brasília é um dos motivos para a demora na realização de empreendimentos portuários. Outro fator envolve os problemas financeiros herdados de administrações passadas.
Para o presidente, a qualidade de sua equipe — outro alvo das críticas — não tem qualquer relação com as dificuldades de seu cotidiano.
`Não entendo isso, de a Codesp ser mal gerida`, declarou o executivo. Ele
considerou como infundadas as declarações de Goldman, pois os governos anteriores (o de Itamar Franco, do qual o parlamentar foi ministro, e o de Fernando Henrique Cardoso, de seu partido) não atentaram para o problema do passivo da Codesp, o que prejudica a administração da empresa.
Portanto, sustenta Mello Rego, não seria correto culpar a atual
administração do complexo por uma dívida que não foi gerada agora, mas vem de anos. `Estou herdando um passivo de R$ 700 milhões. Se não houvesse passivo seríamos superavitários`, argumentou.
Em relação à análise do deputado estadual Fausto Figueira, o presidente
Mello Rego rebateu. Disse que uma empresa mal gerida não faria, em dois
anos, a viabilização do Terminal para Exportação de Veículos (TEV), prestes
a inaugurar; as remodelações no sistema viário do porto; a implantação de parte das normas de segurança contra ataques terroristas (ISPS Code); a
retomada da dragagem de manutenção (suspensa pela Cetesb por erros nos
relatórios enviados pelo porto) e seu monitoramento ambiental; o acordo com a Prefeitura para utilização dos armazéns 1 a 8 do porto no projeto Alegra Centro; e as definições em relação à instalação do Terminal de Granéis de Guarujá (TGG).
José Carlos Mello Rego afirma que é uma de suas preocupações manter a
competitividade do porto. Uma de suas estratégias foi propor, ao Ministério
dos Transportes, uma nova estrutura organizacional para a companhia. O
projeto foi enviado no ano passado e, até agora, não teve resposta.
Ministro
Para o diretor do Departamento de Programas de Transportes Aquaviários do Ministério dos Transportes, Paulo de Tarso Carneiro, as críticas do deputado Goldman são `político-partidárias, de um ex-ministro da oposição`.
Carneiro afirmou que é `normal` encontrar problemas no processo de
monitoramento ambiental da dragagem, mesmo que essas irregularidades sejam técnicas, pois é um processo novo. E arremata dizendo que, quando ministro, o atual deputado poderia ter se preocupado mais com a política de dragagem que ora critica.
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