Enquanto os fabricantes de vagões para trens estão batendo recordes históricos de produção, em razão principalmente do aumento da utilização deste meio de transporte pelos produtores de grãos e de minério de ferro, as montadoras de caminhões amargam queda de vendas.
“O transporte de minério de ferro e grãos agrícolas é preponderante no crescimento da indústria brasileira de vagões”, afirma Cesario da Silveira, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer). Já a Ford e a Volvo , grandes fabricantes do setor de caminhões, indicam que o desaquecimento das exportações agrícolas exerce forte influência sobre a retração no mercado interno de veículos pesados.
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De acordo com Silveira, a produção brasileira de vagões de carga deve atingir entre 8 mil e 9 mil unidades, o que representa incremento de até 80% sobre o volume registrado em 2004, quando o setor atingiu produção inferior a 6 mil vagões. A perspectiva do setor é superar a produção de 10 mil vagões no ano que vem, segundo o executivo.
De acordo com o executivo, o Programa de Revitalização das Ferrovias, instalado em 2003 pelo governo federal, chamou a atenção das empresas para a importância e os benefícios do sistema ferroviário brasileiro. Além disso, as concessões das ferrovias, que tiveram início em 1996, atraíram investimentos ao sistema, que retomou o ritmo de expansão.
“O transporte em vagões de carga vem crescendo a ponto de empresas tradicionais do setor ampliarem sua capacidade produtiva e novas fábricas ingressarem no segmento”, afirma Silveira. A Amsted-Maxion , fabricante de vagões de carga que lidera o segmento no Brasil, produzirá 6,4 mil vagões em 2005, de acordo com Oscar Becker, diretor financeiro da empresa. No ano passado, a produção da empresa foi de 4,2 mil vagões.
“A maioria dos nossos negócios é no mercado brasileiro. Neste ano, por exemplo, exportamos apenas 400 vagões. No ano passado o volume foi ainda menor”, afirma Becker. O executivo conta que a Amsted-Maxion arrendava, há dois anos, as antigas plantas de fundição e montagem de vagões da Cobrasma e, entre maio e junho deste ano, a empresa comprou a unidade montadora localizada em Hortolândia.
“Ainda arrendamos a planta de fundição, em Osasco (SP)”, indica. Atualmente, a Amsted-Maxion tem capacidade instalada para produzir 10 mil vagões. A empresa é resultado de uma sociedade entre a norte-amerciana Amsted Industry e a brasileira Iochpe-Maxion.
O presidente da Abifer destaca que um dos indícios do aquecimento do setor de vagões é o ingresso de um novo player no mercado entre o final deste ano e o início de 2006. Trata-se da Santa Fé Vagões , uma joint venture entre a América Latina Logística (ALL) e a Millinium , uma associação da empresa brasileira Citra com a indiana Besco.
A nova fábrica, instalada em Santa Maria (RS), produzirá mil vagões graneleiros ao ano, segundo o DCI noticiou em agosto. A cidade de Santa Fé foi escolhida justamente pelo fato de o estado ser um grande produtor de grãos. “Depois da estiagem dos últimos dois anos, a produção de grãos vai voltar a crescer”, disse, na época, Bernardo Hees, presidente da ALL.
A Randon , empresa que atua nos segmentos de autopeças para carga, veículos especiais fora da estrada e implementos em carga, produzirá 800 veículos em 2005, seu segundo neste mercado. De acordo com Marcos Zanotti, diretor comercial da Randon, a produção de vagões da empresa deve crescer no ano que vem, podendo chegar até ao volume de 1 mil vagões. No ano passado, e Randon produziu 300 vagões.
No caso dos caminhões, o caminho é inverso. Dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) indicam que as vendas internas de caminhões no atacado sofreram queda de 15,4% em volume de setembro de 2004 para igual mês deste ano. De agosto de 2005 para setembro do mesmo ano, a queda nas vendas foi de 4,4%.
No segmento de caminhões
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