A MRS vai assinar em janeiro o contrato com o consórcio Alstom-Eads (European Aeronautic Defence and Space Company) para a implantação do seu novo sistema de sinalização e telecomunicação. O consórcio venceu o processo de licitação para o fornecimento do Sistema Integrado de Automação e Controle da Operação (Siaco) em substituição ao atual sistema de licenciamento e despacho de trens da operadora. Será a primeira vez que uma operadora de carga passará a usar o sistema CBTC (Communication Based Traffic Control).
As negociações entre a operadora e o consórcio Alstom-Eads foram concluídos em dezembro e substituição do sistema vai ocorrer em 2006 com previsão de conclusão em 2010 — o contrato prevê a troca de sinalização em toda a malha, mas a primeira fase compreenderá o trecho entre Barra do Piraí e Saudade. A implantação do Siaco vai representar a troca dos sistemas de sinalização, telecomunicação e centros de controle operacionais, além da instalação de computadores a bordo em 450 locomotivas.
De acordo com informações da MRS, a instalação do novo sistema vai aumentar a capacidade de transporte da operadora, que deve movimentar este ano 109 milhões de toneladas de carga. Ainda hoje no Brasil, os sistemas de sinalização, tanto para o transporte de passageiros como de carga, têm confiado em circuitos de via para detecção da posição do trem e sinais de luz para fornecer instruções ao condutor sobre como trafegar e à qual velocidade. Na área de passageiros, o CBTC já vem sendo utilizado pelo Metrô de SP na Linha 2.
No segmento da carga, a exceção ficará por conta da MRS, que abriu no final de 2004 um processo de licitação para a compra de sistemas de sinalização e telecom e será a primeira operadora de carga a fazer uso do CBTC. Na época, o diretor Financeiro da MRS, Henrique Aché, informou que o objetivo da companhia era alcançar 130 milhões de toneladas/ano em 2008 e os investimentos aplicados para a renovação do sistema seriam da ordem de R$ 60 milhões.
Segundo ele, com a implantação do sistema CBTC, o intervalo entre os trens será reduzido e a operação, realizada em camboio ou conjuntos sucessivos de trens, permitirá dobrar a capacidade da Ferrovia do Aço, sem necessidade de duplicar a via. De acordo com o executivo, a MRS planeja operar em camboio-carrossel, com os trens carregados descendo a Ferrovia do Aço e os vazios subindo pela Linha do Centro. Para Julio Fontana, presidente da MRS, a operadora terá `o sistema de sinalização e controle mais seguro do mundo`. Ele informou que a instalação começa em janeiro pelo trecho Barra do Piraí-Saudade, com 40 km, que está sendo duplicado para acomodar o tráfego existente mais o fluxo de Casa de Pedra.
Todo o hardware e software serão produzidos nas instalações de Casa Verde da Alstom, em São Paulo capital. A exceção é o sistema de rádio, que será fornecido pela Eads, baseado na tecnologia Tetra, adquirida da Nokia. Em Casa Verde a Alstom está concluindo a elaboração de dois sistemas de automação para a CVRD, o Sistema de Gerenciamento de Ferrovias, para a EF Vitória a Minas, e o Sistema de Controle de Pátios, para a EF Carajás. Ambos, segundo Ramon Fondevila, diretor superintendente da Alstom (e ex-diretor de Casa Verde) já utilizam a tecnologia CBTC, mas o Siaco será a primeira vez em que vão funcionar integrados. Para ele, `será o maior sistema de automação e controle de ferrovias do mundo, tanto em escopo como em funções e quantidade de informações`. Fora do Brasil apenas o metrô de Singapura utiliza o CBTC, e com tecnologia Alstom. Ramon acredita que com o novo contrato `vamos nos transformar no centro mundial de excelência da Alstom em automação e sinalização`.
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