A tentativa de retomar a fabricação de vagões e trens na Sta. Matilde, em Três Rios (RJ), se apóia no bom momento pelo qual passa a indústria metroferroviária no país. Os defensores da reabertura da unidade dizem que é preciso aproveitar o `boom` pelo qual passa o setor, tanto no transporte de carga como de passageiros (metrôs e trens urbanos). A indústria ferroviária ganhou força no país com as privatizações das malhas da antiga RFFSA, a partir de 1996.
De 1996 até 2005, todas concessionárias investiram R$ 8,2 bilhões, segundo cálculos da Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). Para 2006, os investimentos orçados pelas concessionárias somam R$ 2,35 bilhões. Estudo encomendado pela ANTF junto a A.T. Kearney indicou ainda necessidade de investimentos de R$ 7,1 bilhões, em cinco anos, para resolver gargalos nas ferrovias.
Haveria necessidade de outros R$ 4,2 bilhões de aporte pelo governo. Os R$ 11,3 bilhões seriam usados na compra de material rodante, infra-estrutura, tecnologia da informação e treinamento de pessoal. A expansão das concessionárias foi puxada pela exportação de minério de ferro e de grãos e pelo fato de a ferrovia ter começado a ganhar carga da rodovia, ainda o principal modal de transporte do país.
A Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), além de participar da privatização, alavancou encomendas de vagões e locomotivas no país e no exterior. Em 2005, a Vale desembolsou US$ 730 milhões em projetos envolvendo ferrovias e portos. O orçamento para este ano é de US$ 785 milhões.
Além da Amsted-Maxion, líder na fabricação de vagões, outras empresas entraram no negócio, entre as quais Maxion e Usiminas.
Os investimentos das concessionárias na reforma da via foram necessários para expandir a capacidade de carga e atender o crescimento da demanda, assegurando maior eficiência em segmentos exportadores como o agronegócio. Essa política de investimentos levou as concessionárias a fechar acordos com clientes, como esmagadoras de soja, na aquisição e reforma de vagões e locomotivas.
Foi uma forma de dividir o custo de investimentos e assegurar capacidade de transporte. O BNDES também entrou firme no setor financiando reestruturações societárias, como a da Brasil Ferrovias, e compra de material rodante. O banco criou programa específico para financiar ferrovias nas regiões Norte e Nordeste, com `spreads` reduzidos, de 1%.
Sta. Matilde busca caminhos para voltar a produzir
A Companhia Industrial Santa Matilde, entre as maiores fabricantes de material ferroviário do Brasil nos anos 70, está em uma encruzilhada. A empresa teve a falência decretada pela justiça no fim de 2005. Com a decisão, intensificaram-se os esforços para encontrar grupos que queiram assumir e retomar a produção de vagões e trens na unidade da Sta. Matilde em Três Rios, na divisa do Rio com Minas.
MRS Logística, T`Trans e Renaci, sociedade anônima que trabalha com empresas recuperadas, analisam o negócio. Mas caso nenhuma oferta de compra da unidade se confirme, a fábrica da Sta. Matilde no município pode desaparecer, com seus ativos vendidos, inclusive como sucata, para pagar parte das dívid
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