Área localizada às margens do córrego Alegria, local onde houve o descarrilamento de vagões da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) carregados de produtos químicos, pode ser transformada de relevante interesse ecológico, inclusive com desapropriação ou compra da área. De acordo com o secretário do Meio Ambiente, Ricardo Lima, existe uma tendência muito grande nesse sentido e que se for o caso, ela será preservada para sempre, transformando-a numa unidade de conservação e isolando-a de qualquer tipo de atividade produtiva.
Dois anos após o descarrilamento do trem, a qualidade da água ainda é uma incógnita para a população, que cobra mais transparência na divulgação dos laudos realizados. Na semana passada, comunicado do Codau informava contaminação da água zero.
Mesmo assim, a desconfiança continua, principalmente pelo fato de o morador no local, Baltazar Donizete Ribeiro, e a família viverem com problemas de saúde, uma vez que consumiram a água após análises que consideravam sem qualquer tipo de risco, e insurgências do líquido em vários locais com odor forte dos produtos.
Nesta semana, técnicos da FCA estão em Uberaba monitorando a qualidade da água, no encerramento do período hidrológico. No total são 120 pontos de monitoramento, onde são retiradas amostragens subterrâneas e do lençol freático para analisar o seu comportamento.
Ricardo Lima lembra que no ano passado havia nove pontos de referência por conta de três insurgências que ocorreram. Esse ano apenas um ponto manifestou afloramento com cheiro forte. Segundo ele, isso significa uma redução significativa e dos nove pontos restaram apenas três como referência. A expectativa era que os resultados fossem acima de nove, mas desses, o primeiro já foi descartado como ponto de referência, uma vez que registrou índice de contaminação baixa. Quanto aos outros dois, um deles, que deveria ficar com índice em torno de nove, registrou três pontos na escala de contaminação. “Como o resultado que adotamos como base é 1,7, ele está bem próximo e isso significa que a parede hidráulica está funcionando bem”, disse o secretário.
O último ponto está abaixo de um, mesmo assim deve continuar sob observação, segundo o secretário, acrescentando que a situação está sob controle ambiental. Entretanto, de acordo com ele, somente no fim de fevereiro é que serão confirmados os resultados do comportamento freático no período chuvoso, uma vez que a avaliação ocorreu apenas no período seco.
A partir do encerramento do período chuvoso, o monitoramento, que atualmente é realizado semanalmente, passa a ser quinzenal e posteriormente mensal. A partir daí será estudado o que será feito, em termos de correção, da área de agora em diante, podendo inclusive ser desapropriada.
Com relação ao córrego Alegria e rio Uberaba, Lima assegura a qualidade da água para consumo, mas quanto ao primeiro, não tem tanta certeza quando o assunto é “beber na fonte”.
Contraprova. Para o fim do ano hidrológico, Ricardo Lima confirma a presença de técnicos do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam) e Instituto Mineiro de Gestão da Águas (Igam). Mas, para eles, a presença deles independe de solicitação. “Eles vêm para conferir o trabalho que está sendo realizado”, disse o secretário, acrescentando não ter nenhuma preocupação quanto a essa fiscalização.
Para ele, a única preocupação é fechar o ano hidrológico e avaliar o comportamento do lençol freático. “Isso é fundamental para garantir e dizer quanto tempo vamos gastar para que aquela área que foi atingida fique completamente fora de qualquer risco no que tange à contaminação”, concluiu ele, reafirmando que o risco nos cursos d’água é zero.
A intenção é zerar o afloramento que ainda existe, uma vez ser impossível, em um acidente daquela proporção, ter pleno controle da situação. Segundo ele, infelizmente não há esse controle.
Fonte: Jornal da Manhã
Seja o primeiro a comentar