O mico ferroviário é um gênio

O melhor negócio do mundo é fazer qualquer coisa, desde que a Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil) e o Funcef (da Caixa Econômica) botem dinheiro de seus trabalhadores na empreitada. Um telefonema do Planalto para o velho e bom BNDES, uma assessoria de fundecas transgênicos, e abracadabra.

O tucanato fez essa mágica em 1996, quando vendeu a malha ferroviária que liga o Centro-Oeste a São Paulo.

À época a palavra mágica era “privatização”. Quando um grupo americano liderado por uma empresa que fabricava pipocas carameladas arrematou os trilhos, o ministro do Planejamento, Antonio Kandir, ensinou: “Sem investimento privado na infra-estrutura o país não cresce.”

Blablablá do capitalismo prometido. O investimento saiu do BNDES, da Previ e do Funcef. Dez anos depois do palavrório tucano, a empresa Brasil Ferrovias, que resultou da fusão dos privatas de 1996, não conseguia honrar as prestações do arrendamento (R$ 280 milhões) nem os impostos que devia à Viúva. A redenção da infra-estrutura virou um buraco de R$ 1,6 bilhão na barraca do Largo da Carioca.

Se o palavrório capitalista fosse sério (como o foi na hora de desempregar perto de 500 trabalhadores), a Brasil Ferrovias deveria ser levada ao mercado e vendida pelo que valesse. Nesse caso, os fundecas seriam responsabilizados pela leviandade de seus investimentos e pelo silêncio instalado a partir de 2003. Foi preciso empinar uma nova palavra mágica.

Em outubro passado ela veio da retórica retumbante de Lula:

“Hoje é um dia muito importante, porque, além de reestruturarmos a Brasil Ferrovias, estamos reordenando o processo de privatização que deixou à deriva o sistema de transporte ferroviário, tão essencial num país continental como o Brasil.”

A empresa passou a se chamar Nova Brasil Ferrovias. Sob a coordenação de um telúrico escritório de arquitetura financeira (Angra Partners) habitado por ex-dignitários dos fundos, transformou-se calote em carinho. Cerca de R$ 400 milhões de dívidas vencidas viraram ações compradas pelo BNDES. Isso e mais outros R$ 400 milhões de dinheiro novo. A conta fechou em cerca de R$ 1 bilhão. O índice de estatização da malha que transporta 15% da soja nacional ficou em 90%. Como acontece desde o século XIX, privatiza-se, avacalha-se, estatiza-se e volta-se a privatizar. (Faria bem à patuléia conhecer os nomes de todos os doutores que integraram seu conselho de administração, bem como o valor de seus honorários.)

O palavrório de Lula e o dinheiro da Viúva desinfetaram a empresa e ela talvez seja vendida nas próximas semanas. Um ProFerro.

Por motivos inexplicados, a Nova Brasil Ferrovias teve um surto de calotismo. Passou três meses toureando um débito de R$ 273 milhões com o Tesouro. Chegou perto da perda da concessão. Desde setembro do ano passado a empresa sabe que teve protestada uma dívida de R$ 5,6 milhões com uma empresa de participações. Desde novembro, sabe que teve a falência requerida. Preferiu não tomar a providência acauteladora do depósito judicial. Na semana passada, teve a falência decretada pelo juiz da 2 Vara de Falências de Recuperações de São Paulo. Promete recorrer, mas reduziu sua margem de manobra.

Quando a Angra Partners desenhava a injeção de mais dinheiro da Viúva na privatagem ferroviária, o presidente da Funcef, Guilherme Lacerda, garantiu: “A empresa está numa situação grave, e essa é uma solução estruturante, que resolverá de vez todos os problemas.”

Todos? De quem?

ELIO GASPARI é jornalista.

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Fonte: O Globo – Elio Gaspari

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