Trens da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) estão sendo sabotados em Fortaleza. Mais precisamente na área do Mucuripe, na zona leste da cidade. Crianças e adolescentes estão desengatando vagões das locomotivas do ramal Mucuripe à Parangaba.
Esta semana, o Diário do Nordeste flagrou uma composição ferroviária sendo desengatada. A locomotiva seguiu viagem e dois vagões ficaram parados no meio do caminho.
De acordo com o diretor administrativo da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN), Jorge Mello, este tipo de ação é freqüente e para garantir a segurança do patrimônio, dois guardas escoltam os trens durante todo o trajeto. Um fica na locomotiva com o maquinista e outro no último vagão.
Como são apenas guardas patrimoniais eles não têm poder de polícia. A única ação que tomam no momento do desengate é comunicar o fato. “O trem era para andar sem guardas, mas trafegamos em várias áreas de risco, como o Mucuripe e a Aerolândia, que tem alto índice de criminalidade”, observou Mello.
Como as locomotivas circulam em baixa velocidade possibilitam o desengate dos vagões. O diretor administrativo da CFN garante que os jovens vêm praticando a sabotagem há algum tempo. Eles sobem nos vagões e quando chegam na proximidade das passagens de nível tiram os pinos que ligam as composições para soltá-las das locomotivas.
Com a manobra, um dos vagões impede a passagem dos veículos, que são obrigados a parar. Um morador da Avenida Beira-Mar, que preferiu não se identificar diz que este tipo de atitude pode ter o propósito de facilitar a prática de “arrastões” nos veículos presos no congestionamento que se forma na área.
Acredita, inclusive, que não foi efetivada a ação porque policiais militares estavam próximos ao local e chegaram no momento em que os vagões foram desengatados da locomotiva.
Jorge Mello diz que já ouviu comentários sobre esta prática. Mas garantiu que a Companhia não tem qualquer responsabilidade sobre uma possível ação criminosa das crianças e adolescentes.
Segundo moradores do Mucuripe, esta prática ocorria com freqüência no passado e foi retomada há poucos meses. “Eles costumavam fazer isso, pararam e agora retomaram”, diz a pequena comerciante Mirlene do Nascimento Neves, 30 anos, moradora da beira do trilho há mais de 20 anos.
Embora garanta que já manteve contatos com a cúpula da Secretaria da Segurança Pública e Defesa Social sobre o assunto, Mello diz que a Companhia nunca registrou um Boletim de Ocorrências (BO).
O único problema são os atrasos no tempo de viagem provocados pelo desengate, porque os maquinistas são obrigados a parar a locomotiva para engatar novamente os vagões.
A CFN transporta apenas com trem de carga. No trecho Mucuripe-Parangaba, os vagões levam derivados de petróleo, produtos de trigo, alguns produtos siderúrgicos e eventualmente minerais. “Não trafegamos com carga que pode ser roubada, até porque os vagões ficam trancados”, diz Mello.
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