Na última semana tive de pegar o metrô para ir até à Tijuca. Poderia entrar em qualquer carro, mas como a Lei nº4.733/06, de autoria do deputado Jorge Picciani, já chamada de Lei Picciani, me permite, resolvi pegar o carro só para mulheres.
O momento não poderia ser mais propício para testar o funcionamento da lei. Eram 18:00h, horário do rush. A Estação da Cinelândia lotada e, no meio do terminal de espera atrás da linha amarela, várias mulheres aguardavam a composição. Juntei-me a elas.
O carro tem um adesivo enorme na cor rosa na parte de cima escrito: “Carro exclusivo para mulheres. Das 6h às 9h e das 17h às 20h”. Sem nenhum tumulto aparente entrei no carro, exatamente abarrotado por mulheres. Sem nenhum homem, sinal de que os homens estão respeitando a lei.
Mas foi só parar na Estação Central que começou a gritaria. “Não!” gritavam as mulheres cada vez que um homem tentava entrar, e não eram poucos. Corriam às pressas à procura dos carros mistos, envergonhados. Quando um conseguiu entrar porque as portas se fecharam rapidamente, ficou em um canto perto da porta, “vermelho” de vergonha ao ouvir os comentários de indignação das passageiras.
Até a Estação Estácio, de transferência para a Linha 2, foi tudo tranqüilo. Com o carro cheio, as mulheres protestam quando algum “intruso” tentava entrar no carro.
Carro só para mulheres do Metrô Rio
A volta
O porém é quando o carro está vazio. Próximo do fim do horário de pico, quando a quantidade de passageiros diminuiu, a situação se complica. Na Estação Saens Peña os homens começam a entrar no carro perto de 19:30h faltando meia hora para acabar o prazo. O único segurança conversa com eles e explica a situação. Alguns saem conformados, outros brincam: “Nossa! esse é aquele trem doido!”. Mas alguns não levam na boa. Um dos que foram alertados discutiu com o segurança, ameaçou ir à administração, etc. Acabou entrando em outro carro. Na estação seguinte, São Francisco Xavier, voltou correndo ao carro de mulheres e começou a fazer o seu “protesto”. Ele afirmava que achava um absurdo a proibição e que ia ficar ali só para protestar.
Com poucas mulheres no carro, ninguém se atrevia a reclamar. Então, mais homens entraram e seguiram viagem não respeitando a lei. O fato é que para fazer valer esse tipo de medida é necessária uma conscientização através de campanhas. Não que as mulheres não devam lutar para fazer valer os seus direitos. Mas é preciso que a fiscalização fique atenta, ao menos até que “o carro” para mulheres, ou “vagão”, como popularmente é conhecido, se torne um hábito para os cariocas.
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