A classe produtora de Mato Grosso apóia integralmente a construção de um ramal da ferrovia Norte-Sul ligando Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá) a Miracema do Norte, no estado do Tocantins, que será utilizado no escoamento da safra mato-grossense que terá a opção de exportar por meio do Porto de Itaqui (MA). Além da safra de grãos, seriam transportados também minério e carne.
Com este ramal os produtores poderão ter uma economia de até 30% nos custos do frete, segundo estimativas da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), que já aprovou a abertura do processo licitatório para o início das obras dentro de seis meses. O ramal setentrional vai integrar a ferrovia Norte-Sul, numa extensão de 1,55 mil quilômetros entre Tocantins, Maranhão, Goiás e Mato Grosso.
Segundo o coordenador para Assuntos Ferroviários da Federação das Indústrias do Estado de Mato Grosso (Fiemt), Luiz Garcia, a obra irá proporcionar importantes avanços à economia de Mato Grosso. “A Fiemt apóia sem restrições o novo projeto, que dará celeridade no escoamento da safra agrícola, mas defende a continuidade das obras da Ferronorte – paradas em Alto Araguaia (460 quilômetros ao Sul de Cuiabá) – até à Capital do Estado”, observa.
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O vice-presidente da Associação dos Produtores de Soja (Aprosoja), Glauber Silveira, também entende que o projeto é fundamental para acelerar o processo de escoamento da safra da região Norte, que produz atualmente mais de cinco milhões de toneladas de soja, ou cerca de 30% do total estadual.
“Há uma estimativa de que o Brasil, nos próximos cinco anos, vai precisar produzir 85 milhões de toneladas de soja. E é aqui na região Centro-Oeste, mais precisamente em Mato Grosso, que isso acontecerá”, frisa Glauber. Por isso, ele vê o projeto como de “fundamental importância” para incrementar a economia regional. “Seria muito bom mesmo se isso [construção do novo ramal] viesse a se concretizar. É sinal de que o Brasil está disposto a tomar atitudes estruturantes para o processo produtivo e para reduzir o custo Brasil”, avalia o vice-presidente da Aprosoja.
Com os trilhos interligando Lucas do Rio Verde a Miracema do Norte, Glauber Silveira acredita que será possível “baratear substancialmente” os custos de produção. “A cada duas partes da safra que o produtor leva para os portos de exportação, uma fica para pagar frete. E essa economia fará a diferença em termos de rentabilidade e competitividade no mercado internacional”.
OCUPAÇÃO – A ferrovia Norte-Sul prevê a ocupação econômica e social do cerrado brasileiro, com uma área de aproximadamente 1,8 milhão de quilômetros quadrados, correspondendo a quase 22% da área territorial do país, onde vivem atualmente 15,51% da população brasileira.
FERRONORTE – As obras para a chegada da Ferronorte em Cuiabá estão estacionadas desde 2003 ao Sul do Estado. Para que os trilhos avancem até a Capital são necessários mais R$ 1,2 bilhão em investimentos. Deste total, R$ 700 milhões serão injetados no trecho de 260 quilômetros entre Alto Araguaia e Rondonópolis e, o restante (R$ 500 milhões), no trecho Rondonópolis-Cuiabá.
O principal articulador para a retomada das obras, o coordenador do Fórum Pró-Ferrovia, Francisco Vuolo, não foi encontrado pela reportagem durante todo o dia de ontem, para repercutir a chegada de um ramal da Norte-Sul ao interior do Estado.
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Os empresários também apóiam a construção do ramal ferroviário da Norte-Sul, mas fazem uma ressalva: o novo projeto não poderá trazer prejuízos às obras da Ferronorte até Cuiabá.
“Sem dúvida, o ramal vai trazer um forte estímulo à economia da região, principalmente na área de influência da ferrovia, que concentra a maior densidade agrícola do Estado”, frisa o presidente da Federação do Comércio de Mato Grosso (Fecomércio) e das Associações Comerciais, Pedro Nadaf.
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