O governo federal estima que em seis meses tenha condições de iniciar as obras do ramal setentrional da ferrovia Norte-Sul, que abrirá uma nova e menos dispendiosa rota para o escoamento da produção agrícola de Mato Grosso. A abertura do processo de licitação para a construção dos trilhos que ligarão Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá) a Miracema do Norte (TO) foi aprovada no dia 25 de setembro pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT).
Por telefone, o diretor do órgão, Gregório Rabelo de Souza Neto, disse que a construção do ramal deve seguir sem entraves, já que há, de antemão, a certeza de que o trecho terá movimento constante. A empresa contratada ficará responsável por elaborar um estudo abrangente sobre o ramal, incluindo informações sobre o valor da obra, o impacto ambiental e a estimativa de redução nos custos de produção no Estado. A economia para os produtores rurais da região está estimada em um mínimo de 30%, segundo Rabelo. “Mas os custos podem reduzir até 50%”, acredita. Isso se deve principalmente ao fato de que o processo de escoamento não incluirá os altos preços de frete, pagos para o transporte rodoviário de 2 mil quilômetros entre Mato Grosso e o Porto de Paranaguá (PR).
Pelos trilhos, os produtos mato-grossenses serão exportados a partir do Porto de Itaqui (MA). Os vagões terão capacidade para transportar não apenas a volumosa produção de grãos do Estado, mas também a carne e até o minério extraído na região. “A região Norte de Mato Grosso tem um potencial enorme, mas os problemas com a logística têm desestimulado o setor produtivo. A ferrovia deve dar mais confiança à atividade”, afirma Rabelo, que conheceu os problemas da região na época em que atuava pelo Ministério da Agricultura.
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O projeto de extensão dos trilhos até Mato Grosso foi apresentado por ele próprio à ANTT no dia 5 de setembro de 2005. O ramal setentrional vai integrar a ferrovia Norte-Sul, projeto que prevê a conclusão de 1,55 mil quilômetros de trilhos entre os estados de Tocantins, Maranhão, Goiás e posteriormente Pará e Mato Grosso. Assim que a empresa contratada finalizar o estudo estratégico sobre a construção do ramal, o governo federal poderá dar início à execução da obra.
Entre os objetivos definidos pelo governo federal para a ferrovia Norte-Sul está “a ocupação econômica e social do cerrado brasileiro – com uma área de aproximadamente 1,8 milhão de quilômetros quadrados, correspondendo a 21,84% da área territorial do país, onde vivem 15,51% da população brasileira”.
REPERCUSSÃO – Os benefícios que o ramal proporcionará aos produtores das regiões Norte e Médio Norte de Mato Grosso estão sendo comparados aos que seriam gerados se a pavimentação e conclusão da BR-163, a chamada Cuiabá/Santarém, fossem concretizadas.
Representantes do setor estimam uma redução nos custos com frete, no caso da soja, entre R$ 5 e R$ 6 por saca do produto. O membro do Conselho de Desenvolvimento do Norte (Codenorte), Rogério Rodrigues, avaliou que a linha ferroviária vem ao encontro das necessidades da classe produtora, em todos os setores. “Não será só o sojicultor que ganhará com esse empreendimento, mas também o setor madeireiro, os pecuaristas, e os produtores de algodão, arroz e milho. Em resumo: será o fim dos problemas logísticos da região”, avalia.
SAÍDA ALTERNATIVA – De olho no aumento de volume de embarque da soja, com a chegada da produção mato-grossense, os responsáveis pelo Porto de Itaqui esperam um grande movimento. O porto tem registrado crescimento anual na exportação da soja. Em 2004, foi embarcado 1 milhão de toneladas (t). Em 2005, o volume transportado saltou para 1,8 milhão/t. Se levados em conta todos os produtos, o porto atinge o patamar de 12 milhões/t movimentados ao ano. O porto de Itaqui possui atualmente estrutura para receber os navios turísticos. A área ganhou um terminal de passageiros – com alfândega – com capacidade
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