A modesta subsidiária brasileira da canadense Bombardier Transportation tem uma dura missão pela frente: fazer-se visível dentro de uma mega-estrutura que reúne 55,8 mil funcionários em 21 países e um faturamento de US$ 6,6 bilhões por ano. Para alcançar esse objetivo, a empresa vai focar seus negócios em transportes de passageiros (cujas licitações dos governos estaduais serão retomadas no ano que vem), em sistemas de sinalização de ferrovias e na reforma de vagões.
São nichos que vão apresentar várias oportunidades de negócios nos próximos anos, afirmou Carlos Levy, presidente da Bombardier Transportation no Brasil. O executivo está no comando da filial há pouco mais de um mês e é o primeiro brasileiro a assumir o cargo. Antes ligada à divisão de serviços da companhia, a Bombardier brasileira passará a responder diretamente à diretoria de marketing, para fortalecer a atuação comercial no país.
O acanhamento da subsidiária, nos últimos anos, decorreu da própria paralisação do setor ferroviário brasileiro, de acordo com o executivo. A infra-estrutura ferroviária brasileira está defasada. Agora, com a expansão do mercado, precisamos focar nossas operações e trazer para o Brasil recursos e expertise que são empregados em países cujo transporte ferroviário é mais maduro.
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As metas de Levy são ambiciosas. Para 2007, a expectativa é quintuplicar o faturamento. O executivo preferiu não revelar as cifras, mas citou as obras da Linha 4 do metrô paulista, além da expansão dos ramais em Salvador e Brasília, entre as perspectivas de novos negócios no ano que vem. Só na Linha 4 paulistana, a Bombardier espera abocanhar o fornecimento do sistema completo de sinalização, automação e fornecimento dos trens. O orçamento total do projeto é de R$ 1,8 bilhão.
Enquanto aguarda as licitações, a empresa acertou a contratação, nos próximos dias, de aproximadamente 100 funcionários para a unidade de Hortolândia (São Paulo) para dar conta do contrato de R$ 61,8 milhões da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) que prevê a reforma de 24 carros de passageiros e 12 trens. A fábrica, que já mantinha 40 empregados, deverá levar 12 meses para concluir o projeto da estatal paulista.
A reforma de vagões é um dos nichos que devem ganhar mais força nos negócios da empresa. Boa parte dos vagões exige uma reengenharia completa, desde nova propulsão até novos ´bogies´ (sistema de estrutura e de apoio). Uma reforma, mesmo que profunda, representa apenas 40% do preço de um equipamento novo, afirmou Levy.
Além da fábrica em Hortolândia, a empresa possui dois centros de serviço e manutenção na capital paulista (que atendem à CPTM) e uma unidade em Santa Bárbara (MG), responsável pela sinalização das linhas da Vale do Rio Doce que transportam minério de ferro da mina de Brucutu até o porto de Vitória (ES).
A Europa respondeu por 72% do faturamento da empresa no ano passado, enquanto a América do Norte ficou com 19%. A região Ásia-Pacífico foi responsável por 7% das receitas mundiais e as outras regiões (incluindo o Brasil) por 2% das receitas.
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