A chilena Masisa, fabricante de painéis de madeira, resolveu usar a ferrovia para o transporte de produtos da sua fábrica de Ponta Grossa (PR) para as regiões Sul e Sudeste do País. Depois de levar por vagões a sua produção para Porto Alegre, a empresa fechou agora uma parceria com a América Latina Logística (ALL) para substituir o caminhão pelo trem no transporte de cargas até São Paulo.
A empresa informa que investiu R$ 4 milhões no projeto, que incluiu a reforma de 72 vagões, que passam a ser dedicados à operação de São Paulo e de Porto Alegre, e na reativação de um ramal ferroviário que pertencia à antiga Brasil Ferrovias, comprada pela ALL neste ano. Somente essa reforma custou R$ 300 mil. Segundo Alexandre Campos, diretor de industrializados da ALL, um dos principais pontos do projeto foi a reativação do trecho, de 2,5 quilômetros, que passa ligar a linha da ALL até o centro de distribuição da Masisa, localizado no bairro Barueri. O CD, inaugurado ontem, tem cinco mil metros quadrados e capacidade para estocar sete mil metros cúbicos de produtos.
O local, operado pela Apoio Logística e Serviços, vai abastecer a demanda do sudeste do País, que era atendida por rodovia. Segundo o diretor geral da Masisa do Brasil, Jorge Hillmann, a região responde por 40% das vendas da empresa. A partir de agora, a produção sai de ferrovia da fábrica até o CD, de onde será distribuída por caminhões. De acordo com ele, a operação deve trazer agilidade e rapidez no cumprimento dos prazos de entrega, mais do que redução de custos. A redução de gastos com a opção pela ferrovia deve compensar os custos de operação do centro de distribuição, diz.
Em média, segundo a América Latina Logística (ALL), há uma economia de 15% a 20% na substituição do modal rodoviário pelo ferroviário. Em geral, a ferrovia tem sido usada para escoar a produção para os portos. O caso da Masisa é novo porque antecipa a tendência da ferrovia crescer também em operações no mercado interno, em distâncias mais longas, lembra Alexandre Campos. De acordo com ele, a intenção é captar novos clientes nesse tipo de operação. A vantagem, além das longas distâncias, é que no mercado interno não há o impacto das oscilações do câmbio na demanda pelos serviços, ao contrário dos projetos de exportação, afirma. Por enquanto, os vagões estão voltando vazios, mas a idéia é captar cargas do sudeste para o sul do País para ganhar escala.
O transporte ferroviário vem sendo utilizado pela Masisa desde a entrada em operação de sua fábrica, em abril de 2001. Para atender a demanda da unidade, foi construído um ramal ferroviário de 5 km, ligando a fábrica ao seu terminal em Ponta Grossa. Por este terminal, é escoada a produção e realizado o recebimento de 60 mil toneladas de toras de madeira por mês, utilizadas na linha de produção. A ALL também transporta cargas da Masisa entre Brasil e Argentina.
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