Com bilhete na mão, o público espera em frente aos trilhos do trem para embarcar pelas histórias da Estrada de Ferro Sorocabana, contadas de maneira lúdica pelo grupo Balaio da Uniso(Universidade de Sorocaba) . Como de praxe, antes do início da viagem, um fiscal com um picotador chega para cobrar o bilhete e o espetáculo “Todos os Trilhos” começa.
A encenação faz parte da programação comemorativa do aniversário de nove anos do Museu da Estrada de Ferro Sorocabana, celebrado hoje. As apresentações do grupo Balaio, que são gratuitas, ocorrem até 7 de dezembro, todas às terças e quintas, às 14h30 no Museu.
“A Sorocabana tem uma história muito importante para a cidade e está sendo esquecida. Os adolescentes que assistem comentam que não tinham noção da importância da ferrovia”, ressalta Cíntia Costa, do Balaio.
Segundo ela, o grupo tem como objetivo utilizar a tradição oral para contar histórias e “causos” da região.
Para elaborar os textos de “Todos os trilhos” – que conta com patrocínio da Lei de Incentivo à Cultura, Linc, e apoio da Uniso –, o grupo entrevistou oito famílias de ex-ferroviários que trabalharam na Sorocabana. “Coletamos cerca de 43 histórias e selecionamos algumas para levar ao público. O mais curioso é que sempre aparece um espectador com mais algum ‘causo’ interessante da ferrovia”, observa Cíntia.
Em “Todos os trilhos”, o trem da história parte de 1860, quando um estrangeiro (visto com um olhar meio desconfiado pelo povo sorocabano da época), aporta em Sorocaba. Pensando em agilizar o escoamento de algodão, o europeu sugere a implantação de uma estrada de ferro. O tal “estrangeiro” é Matheus Maylasky, que em 1875 inaugurou a Estrada de Ferro Sorocabana, que inicialmente ia da Fazenda Ipanema até São Paulo. Mais tarde, a linha aumentou, sendo possível sair de Sorocaba e ir até a Bolívia sem ter que descer do vagão.
Depois de situar o espectador na linha do tempo, a viagem segue com diversas paradas para relembrar saborosas histórias como as do Bar do Passarinho, que vendia na estação da cidade salgadinhos “supimpas”.
“Causos” deixam a viagem ainda mais divertida, como a famosa história do fantasma da estação de Campinas.
Todos os trilhos
Quando: Até 7 de dezembro, às terças e quintas às 14h30. As escolas podem agendar com antecedência pelo telefone (15) 8115- 6053.
Onde: No Museu da Sorocabana fica à rua Àlvaro Soares, s/n
Quanto: Entrada franca
Os personagens da ferrovia
Mecânico de locomotivas de 1943 até 1973, seu Sylvio de Arruda, 79 anos, tem acompanhado as apresentações do grupo Balaio. “Tenho muito orgulho de ter participado da história da ferrovia. Acho importante esse trabalho do grupo Bailaio. Tudo que eles contam, de fato ocorreu”, ressalta.
Já seu Oscar Groff, 71 anos, ferroviário por 33 anos e que chegou a ser chefe da estação de Sorocaba, levou a mulher Clarice e o neto Lucas, de 6 anos, para conhecer um pouco de sua história. “Tenho muito orgulho de ser ferroviário, mas fico muito magoado por causa do abandono da ferrovia e o desprestígio da poder público em relação a esse passado, que foi construído com muito sacrifício. Não podemos perder a memória da nossa cidade ”, enfatiza seu Oscar.
“Ele guarda o boné até hoje. Eu mesmo já usei”, interrompe o neto Lucas.
Durante a encenação de “Todos os trilhos”, dona Auta Negrão Duarte, 78 anos, filha de ferroviário, não escondia a emoção e a cada nova história apresentada pelo grupo soltava uma salva de palmas. “Era assim mesmo, desse jeitinho”, balbuciava baixinho.
“Lembro, que durante a viagem, apareciam uns garçons vestidos elegantemente de branco trazendo belas bandejas com maçãs enormes. Fazíamos papai comprar pra gente. No trem tinha até mesmo restaurante”, recorda dona Auta.
Onde fica e como funciona o museu
Acervo
O acervo do Museu da Est
Fonte: Bom Dia Sorocaba (SP)
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