A Companhia Vale do Rio Doce decidiu suspender o pagamento de indenização aos índios xicrins pela exploração do minério e pelo uso da ferrovia de Carajás, no Pará, que passa por dentro da reserva indígena. A decisão é uma resposta ao bloqueio de dois dias à mina de ferro, há duas semanas, que, segundo a empresa, causou prejuízo de US$ 10 milhões. A Vale alega que os índios feriram um termo de compromisso que previa a não-agressão à mina e à ferrovia e, assim, perdem direito a qualquer tipo de compensação.
A Vale anunciou que vai ingressar com uma ação indenizatória pelos prejuízos e com o pedido de uma investigação criminal, pelas práticas dos crimes contra o patrimônio, cárcere privado (funcionários foram mantidos reféns), invasão de estabelecimento industrial e formação de quadrilha. “A Vale está adotando uma política: invadiu, acabou o acordo. Virou caso de polícia”, afirmou o diretor-executivo de Assuntos Corporativos, Tito Martins. “Nós estamos nos tornando objeto de chantagem por sermos uma empresa que está crescendo.”
Em 2006, a Vale destinaria R$ 9 milhões aos xicrins.
Representantes de xicrins e da Fundação Nacional do Índio souberam da suspensão do pagamento ontem, em Brasília. “A reação da empresa foi intempestiva”, disse o presidente da Funai, Mércio Pereira. O órgão vai ingressar com uma ação contra a Vale. “Tal indenização está prevista em lei.”
“Fizemos papel de otários”, afirmou Irdyan Xicrin.
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