Os 2,8 milhões de habitantes de Salvador sonham com um transporte de massa há 20 anos. Mário Kertesz foi o primeiro prefeito a lançar a idéia de um projeto de locomoção coletiva mais digna e rápida, diferente dos apertados, lentos, impontuais e tradicionais buzus, como os ônibus são chamados na capital baiana. Primeiro a ser eleito depois da ditadura militar, Kertesz frustou o povo. Gastou milhões e o seu transporte de massa virou trem fantasma.
A palavra transporte de massa saiu de circulação na cidade até a reconquista do poder municipal pelo carlismo, grupo político liderado pelo senador Antonio Carlos Magalhães, em 1996. Depois de três derrotas na disputa pela capital baiana, Antônio Imbassahy coloca o PFL na prefeitura. No final de seu primeiro mandato, ele lança o projeto do Metrô de Salvador com conclusão para 2004. É reeleito em 2000, mas não consegue concluir a obra que seria o marco de sua gestão municipal dentro do prazo prometido.
O atual tucano Imbassahy acabou sendo vítima da política de superávit primário inaugurada pelo governo Fernando Henrique Cardoso, que era seu aliado, e continuada pelo adversário petista Luiz Inácio Lula Silva. A redução de gastos do governo federal significou prejuízo para a infra-estrutura da terceira maior cidade do País. O projeto do Metrô de Salvador abrangia vias em elevado, superfície e túneis num percurso de 12 quilômetros, com financiamento de US$ 300 milhões pelo Banco Mundial (Bird) e mais a contrapartida no mesmo valor das três instâncias do poder executivo e iniciativa privada.
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A liberação de recursos se deu em doses homeopáticas até a suspensão total. A solução para o imbróglio só foi encontrada com a eleição do prefeito João Henrique (PDT), aliado do PT baiano. O projeto original foi alterado. O trajeto foi reduzido a pouco mais da metade, 6,5 quilômetros. A população levou a medida com o bom humor baiano, passando a chamar o transporte de massa de metrô calça-curta, ferrorama e menor metrô do mundo.
Para garantir o fluxo de recursos, o governo federal reenquadrou o Metrô de Salvador na categoria de Projeto Prioritário de Investimento em Infra-estrutura (PPI). As obras foram reiniciadas em março deste ano. O secretario municipal de transportes, Nestor Duarte, diz que, se forem liberadas as verbas, num total de R$ 259 milhões, conforme o cronograma previsto, a população soteropolitana vai poder andar de metrô no primeiro semestre de 2008 – ano de eleições municipais.
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