“Até agora a Ferropar [Ferrovia Paraná S.A.] ouviu calada aos ataques dos diretores da Ferroeste [Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A.], mas a partir de agora vamos rebater as acusações”. A afirmação é do advogado da Ferropar, Juliano Murbach, que concedeu entrevista à reportagem do Hoje e relatou toda a história de subconcessão da empresa que teve a falência decretada no dia 17 de dezembro.
E ele é direto: “Não temos dívida alguma e vamos lutar para comprovar isso, por meio do processo que tramita em Brasília”.
Murbach afirma que a Ferropar não reconhece a dívida cobrada pelo Estado. Além disso, ele revela que o valor que está no processo judicial é de cerca de R$ 21 milhões, bem menor que o anunciado pelo presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, de R$ 70 milhões. “Este valor é inventado”, rebateu.
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O advogado classifica como uma inverdade as declarações de Samuel Gomes de que a Ferropar tem os mesmos acionistas da Transferro Operadora Multimodal S.A. e da FTC (Ferrovia Tereza Cristina S.A.) – locadoras dos equipamentos. “São grupos distintos e as empresas locavam os equipamentos para a Ferropar porque o valor das locomotivas e dos vagões é altíssimo”. Assegura também que o contrato de locação não foi superfaturado.
RECURSO
A Ferropar já entrou com ação para reverter a falência, que, conforme Juliano, foi solicitada por apenas um credor, e o consórcio pretende recorrer em todas as instâncias se preciso.
Ele atacou dizendo que as acusações do presidente da Ferroeste são mentirosas e que até hoje a empresa cumpriu todas as determinações judiciais.
Histórico
Conforme o advogado da Ferropar, Juliano Murbach, a empresa foi criada para concorrer à licitação para administrar os 248 quilômetros entre Cascavel e Guarapuava, realizada pelo governo do Estado, já que o mesmo tinha uma concessão federal por meio da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) para administrar o sistema. “A intenção era de construir uma empresa forte e com isso ir adquirindo uma frota própria, mas isso não ocorreu”.
Juliano disse que o Estado superestimou uma quantidade de transporte que nunca ocorreu e que a Ferropar calculou o valor que poderia ser pago ao Estado devido a essa projeção. Até 2003 eram feitos aditivos e acertos nos quais o valor foi reduzido, mas depois disso o governo não quis mais fazer esse tipo de acerto e a Ferropar não teve condições de quitar as parcelas trimestrais que, em valor atuais, eram de aproximadamente R$ 1 milhão.
“Nesse ano a empresa moveu uma ação contra a União e o Estado pedindo a revisão do contrato. A ação está em trâmite e ainda não foi julgada nem em primeira instância”.
Ou seja, segundo Juliano, se essa ação que tramita em Brasília for favorável à Ferropar, ficará comprovado que a empresa nada deve ao Estado e o processo de falência deverá ser revisto.
Ele lembrou que a Ferroeste reassumiu o sistema sem nenhum equipamento próprio, inclusive utilizando os funcionários da Ferropar e sistema de informática, além de o governador Roberto Requião decretar de uso público as locomotivas e vagões da Transferro e da FTC. “Estão até sem manutenção, porque a Ferroeste não tem condições de mandar arrumar”.
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