O efeito prático da previsão de investimentos da ordem de R$ 1,666 bilhão neste ano para melhora das condições logísticas do País deve demorar a chegar em Goiás. Apesar da possibilidade de injeção de R$ 432 milhões provenientes do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para a construção do trecho goiano da Ferrovia Norte-Sul, a obra ainda esbarra no problema da angariação de dinheiro.
Isso porque a execução do percurso entre Anápolis e Uruaçu depende de recursos da subconcessão à iniciativa privada, mas a abertura de licitação não tem sequer data estimada para acontecer. E a obra no Estado – 40 quilômetros de Anápolis até Ouro Verde –, que está parada exatamente por falta de dinheiro, não tem data para recomeçar. Mas o presidente Lula garante que toda a ferrovia estará concluída em 2010.
De acordo com o presidente da Valec Engenharia e Construção de Ferrovias – empresa pública ligada ao Ministério dos Transportes –, Juquinha das Neves, a aplicação dos R$ 432 milhões no trecho goiano da Norte-Sul depende de injunção de bastidores. “Vamos tabular uma estratégia junto ao governador Alcides Rodrigues para injeção de recursos também em Goiás, para acelerar a subconcessão, como aconteceu no Tocantins”, afirma.
O percurso que corta o Estado tem 570 quilômetros de extensão, partindo do Porto Seco de Anápolis até a divisa com o Estado do Tocantins. Segundo Juquinha, durante o anúncio do PAC, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, citou erroneamente que o trecho goiano da ferrovia incluía um percurso entre Aparecida a Itumbiara. “Não houve alteração no trajeto. O que aconteceu foi que a ministra confundiu ferrovia com rodovia”, afirma o presidente da Valec. A assessoria de imprensa da ministra não se pronunciou sobre o possível equívoco.
A expectativa é que a conclusão dos trilhos goianos traga para o Estado os mesmos benefícios socioeconômicos já gerados no Maranhão, como empregos e estímulo ao desenvolvimento sustentável.
150 KM – Enquanto Goiás não participa diretamente do salto de investimentos no setor ferroviário, a Valec prepara para o mês de abril a entrega dos 150 quilômetros de ferrovia até Araguaína, no Tocantins. O trecho tocantinense de 50 quilômetros e o pátio ferroviário entre Babaçulândia-Araguaína possibilitará a integração da ferrovia com a BR-153 para facilitar o escoamento da produção agrícola por meio do porto de Itaqui, no Maranhão. “Já fizemos mais que todos os outros governos anteriores. Juntos, eles construíram só 215 km”, diz sobre o percurso de 150 quilômetros construído em 2003.
Mais de R$ 100 milhões foram liberados para que a Norte-Sul avance até Colinas, no Tocantins, até o final deste ano. Outros mais de R$ 30 milhões estão previstos para fazer com que as vias de ferro alcancem a tocantinense Guaraí. Em 2005, o percurso deve chegar até Palmas. A chegada da ferrovia até Araguaína, e, em seguida, até a Capital do Tocantins, deve desafogar os portos do Sudeste.
A Norte-Sul permitirá que os produtores transportem cargas até a Estrada de Ferro Carajás, da Companhia Vale do Rio Doce, e leve-as a São Luís. A ferrovia transportará 11,6 milhões de toneladas em 2011, número que pode saltar para 17 milhões de toneladas em apenas cinco anos. “Para Goiás, é uma obra estratégica, porque só em frete gerará economia de 30% em relação à modal utilizada hoje. Os produtos goianos, como açúcar e álcool, que agora estão na moda, vão ser exportados para outros países com o custo de transporte bem mais baixo”, completa.
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