O governador José Serra (PSDB) decidiu adiar, sem prazo definido, o lançamento do convite para empresas apresentarem propostas com os projetos básicos de engenharia e de modelagem financeira para o Expresso Bandeirantes, trem que ligará Campinas a São Paulo, com uma parada em Jundiaí e uma possível ligação até o Aeroporto de Viracopos. O governo vai primeiro reavaliar a relação custo-benefício da implantação dessa ligação ferroviária. O secretário-adjunto da Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, João Paulo de Jesus Lopes, informou que o governo não desistiu do trem, mas quer detalhar a viabilidade econômica desse projeto.
Isso significa que a ligação ferroviária entre Campinas e a Capital, prevista para ter início esse ano, vai permanecer mais tempo na prateleira. Ainda é prematuro falar se o trem será ou não implantado. Continuamos interessados, mas precisamos saber se será rentável para poder incluir esse projeto na carteira de parceria público-privada (PPP), afirmou.
A manifestação de interesse deveria ter sido publicada ano passado, conforme havia anunciado o secretário de Transportes Metropolitano do governo passado, Jurandir Fernandes. Mas houve o recuo na publicação para que o novo governo pudesse tomar a decisão de assumir ou não o projeto.
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O que preocupa o governo, segundo Jesus Lopes, é o custo de implantação, principalmente porque, para se tornar viável, o Estado deverá custear a infra-estrutura, justamente a parte mais cara. Estudo financiado pelo governo espanhol mostrou que o trem de alto desempenho – pode atingir velocidade de 160 quilômetros por hora com tarifa de R$ 12,60 e freqüência a cada dez minutos – vai exigir investimentos de R$ 2,7 bilhões. O estudo, elaborado pela espanhola Ineco (Ingeniaria y Economia del Transporte S.A.) em parceria com a brasileira Setepla Tecnometal Engenharia, apontou que o trem só é viável se o poder público assumir os custos com as obras de infra-estrutura.
A previsão inicial era de o Estado investir, entre 2007 e 2010, R$ 2 bilhões em desapropriações, construções de via, viadutos, pontes, túneis, entre outras intervenções. O trem deveria começar a circular em 2010, percorrendo a distância entre a estação central de Campinas e o Terminal Barra Funda, em São Paulo, em 50 minutos.
A dificuldade do governo, segundo o secretário-adjunto, está justamente em viabilizar os R$ 2 bilhões. Podemos fazer isso com uma parceria público-privada, mas teremos que mostrar que a ligação ferroviária será rentável, disse.
O projeto inicial seria adotar o mesmo modelo de chamamento de empresas utilizado para o trem Guarulhos e o trem Aeroporto, que atraiu, até o final do ano, 76 empresas, entre elas cinco consórcios, que retiraram o termo de referência para fazer proposta da modelagem técnica daqueles trens. Algumas dessas empresas haviam manifestado interesse em também fazer propostas para o trem Bandeirantes, conforme declarou Jurandir Fernandes, no ano passado.
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