A projeção é que pelo menos 50% do mercado de vagões seja atendido por regime de locação. O mercado de aluguel de vagões começa a deslanchar no Brasil. Comum nos EUA, onde representa 70% da frota em circulação, o aluguel de vagões chegou aqui em 2002 e hoje estima-se que existam 3,3 mil unidades locadas. Em cinco anos, esse número pode chegar a 5 mil, calcula Kazuhiko Ono, diretor financeiro da Mitsui Rail Capital Participações (MRC), da japonesa Mitsui .
A empresa, que trouxe sua subsidiária nessa área para o País em 2004 tem contratos com companhias como América Latina Logística (ALL), Bunge e Agrenco. Segundo Ono, este ano estão sendo investidos cerca de R$ 100 milhões na compra de 500 vagões para locação. A meta é comprar 1,2 mil vagões por ano para aluguel. Apesar de não revelar as receitas, a MRC diz que o faturamento subiu 40% em 2006 e evoluirá 15% em 2007.
Hoje a frota de vagões alugados no Brasil ainda é pequena para os padrões norte-americanos – cerca de 4% -, mas as empresas apostam que a renovação de equipamentos nos próximos anos deve alavancar o segmento. A tendência, segundo as empresas, é que as concessionárias de ferrovias concentrem seus investimentos na malha permanente, em detrimento de material rodantes.
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O País tem uma frota de 85 mil vagões, com idade média de 25, 30 anos. Quando for renovada, o aluguel deve ganhar muito espaço, diz Estefano Vaine Júnior, presidente da Ferrolease, controlada por investidores norte-americanos e brasileiros e com sede em Curitiba.
Ele projeta que pelo menos 50% da demanda de vagões – estimada hoje em 5 mil unidades por ano – será atendida pela modalidade. Em média, os contratos duram entre cinco e 10 anos e podem incluir a possibilidade de compra do equipamento no final do período.
Maior operadora ferroviária da América Latina, a ALL tem 16% da frota de vagões alugada, mas a estratégia, diz Carlos Augusto Moreira, gerente financeiro, é que nos próximos anos todo o investimento para vagões tanto pela empresa como pelos clientes seja feito por leasing. A demanda anual da ALL gira entre mil e 1,5 mil novos vagões, com investimentos em torno de R$ 300 milhões. A empresa acaba de locar, por um ano, 11 vagões do tipo tanque da Ferrolease para o transporte de líquidos como combustíveis entre Paranaguá e Cascavel, oeste do Paraná. Em 2008, depois de reformarmos a frota morta da Brasil Ferrovias (comprada em 2006), deveremos fazer novas operações.
Segundo Estefano Vaine Júnior, presidente da Ferrolease, outras empresas do setor ferroviário como MRS e Vale do Rio Doce começam a demonstrar interesse no aluguel de vagões. A Ferrolease comprou 35 vagões da Amsted-Maxion – avaliados em US$ 10,5 milhões – para locar a partir de abril deste ano.
A empresa firmou seu primeiro contrato com a exportadora de grãos Coinbra, que alugou 100 vagões por dez anos. Vaine Júnior diz que o objetivo é faturar R$ 200 milhões em cinco anos no País. Em 2006, a receita foi de R$ 4,3 milhões. A nossa meta é ter 25% do mercado diz ele, que também planeja atuar em outros países da América Latina.
Criada em 2002, por meio de joint venture entre a norte-americana Global Railroad Leasing (GLR) e a brasileira Armazenagem Transporte e Transbordo (ATT) (46%), a Ferrolease ganhou novos acionistas no final de 2006, com a entrada da Ferway, que atua na área de manutenção mecânica, e a Sofimax, ligada ao grupo de logística Boni GATX . A GATX é hoje uma das maiores empresas de leasing dos EUA e está muito interessada em atuar no Brasil, diz Vaine Júnior.
Para o presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), Luis Cesário Amaro da Silveira, a confiabilidade do setor ferroviário e os contratos de longo prazo, com garantia de demanda, tornaram o mercado de aluguel de vagões atrativo para as empresas e investidores. Vaine Júnior calcula que o volume de carga a ser transportada pelas ferrovias brasileiras deverá crescer
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