A abertura de dois vagões que estavam apreendidos no terminal ferroviário de Guarapuava foi o início do diagnóstico da frota e equipamentos necessários à operação da Ferroeste – Estrada de Ferro Paraná Oeste. Os compartimentos, carregados com peças de reposição utilizadas na manutenção dos vagões e locomotivas, haviam sido retirados do local de forma irregular depois de a justiça decretar a falência da Ferropar, antiga subconcessionária da linha férrea entre Cascavel e Guarapuava.
“Neste inventário vamos fazer a identificação, quantificação e qualificação das peças, ferramentas e equipamentos, bem como registros fotográficos”, explicou o diretor de Produção da Ferroeste, Saulo de Tarso Pereira. O banco de dados vai permitir um diagnóstico completo dos bens e estrutura, que serão devolvidos às proprietárias Transferro Operadora Multimodal e Ferrovia Tereza Cristina, quando encerrar o período de uso, decretado no início de janeiro pelo governador Roberto Requião.
Saulo Pereira coordenou nesta terça-feira (30) a abertura dos vagões e o início do diagnóstico em Guarapuava. O procedimento, realizado à revelia das proprietárias, foi necessário devido as empresas não se pronunciarem depois da notificação emitida pela Ferroeste no último dia 19 de janeiro. “Para nós seria mais fácil que a Transferro e a FTC estivessem juntas aqui, infelizmente eles interromperam as negociações, não podemos parar por falta de manutenção da frota”, revelou.
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Contexto – O inventário vai garantir transparência na retomada da Ferroeste, avalia Saulo Pereira. A empresa, de sociedade mista, reassumiu a operação da ferrovia em 18 de dezembro de 2006 por determinação da Justiça. Na ocasião, 15 locomotivas e 110 vagões locados pela Ferropar garantiam o transporte nos 248 quilômetros da linha férrea. “Hoje temos apenas uma locomotiva em funcionamento para manobras no Pátio José Carlos Senden Jr. em Cascavel, e pelo menos 40 vagões estão parados para manutenção em Guarapuava”.
Depois do uso, todo o material (incluindo a frota) será devolvido às proprietárias. “Aquilo que for utilizado no período para a manutenção será ressarcido de acordo com preço justo de mercado”, assegura o diretor. Sem locomotivas para garantir a continuidade da operação a Ferroeste autorizou a ALL (América Latina Logística), através de um acordo Operacional, a fazer a tração dos vagões.
Mesmo com o auxílio da iniciativa privada, a operação do trecho ferroviário acontece com cerca de 50% da capacidade. “De seis mil toneladas/dia, estamos transportando em média três mil toneladas por dia. Hoje temos 194 vagões carregados estacionados em Guarapuava e mais 93 em Cascavel, aguardando locomotivas para tracioná-los”, explica o diretor de Produção.
Sabotagem – A paralisação da manutenção da frota por parte da Transferro e FTC levou a situação atual, detalha o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes. “A situação atual se constitui em ato e sabotagem do transporte ferroviário. A Ferroeste está enfrentando esta situação com vistas a não permitir prejuízos para os produtores, em especial da região Oeste”.
Samuel determinou na última semana a contratação imediata da reparação das locomotivas para o retorno imediato delas à operação. O processo licitatório deverá ser concluído ainda esta semana. “A responsabilidade pelos atos de sabotagem por parte das referidas empresas, que respondem ao comando da Ferropar, será apurada”, conclui Samuel.
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