Unir forças para que a ferrovia torne-se o caminho principal para o escoamento da produção do Oeste paranaense. Esta é a proposta que a Estrada de Ferro Paraná Oeste S.A (Ferroeste) está apresentando a produtores, empresários e cooperativas da região e que, em março, será levada também à América Latina Logística (ALL). A intenção é estabelecer uma câmara setorial, com a participação efetiva de todos os agentes envolvidos no processo e colocar à disposição dos produtores uma estrutura de logística capaz de receber, além de cereais e insumos agrícolas, cargas diversificadas de pequeno, médio e grande porte que, atualmente são escoadas por rodovia até o Porto de Paranaguá ou outras regiões do Brasil.
É preciso que todos assumam suas responsabilidades para que possamos fazer um pacto pelo escoamento da safra, afirmou o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes. Há duas semanas, ele conversou sobre o assunto com diretores da Sadia, em Toledo, e da Frimesa, em Medianeira.
Nesta semana, a empresa anunciou o término da manutenção de 13 locomotivas que vão garantir aos produtores o transporte de nove mil toneladas diárias de carga entre os municípios de Cascavel e Guarapuava. A Ferroeste, que mantém 60 vagões, espera poder contar com 140 vagões da ALL, no período da safra, o que garantiria o transporte de, aproximadamente, dois milhões de toneladas/dia. A inclusão do modal ferroviário no Oeste paranaense atenderia, segundo Gomes, aos pequenos e médios produtores. Hoje, eles não têm acesso à ferrovia, ou têm acesso muito limitado. Por sua natureza pública, a Ferroeste tem obrigação com a região e os produtores locais, lembrou.
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AQUISIÇÃO DE VAGÕES – Segundo Samuel Gomes, os empresários têm se mostrado muito receptivos ao plano apresentado pela Ferroeste para ampliar a utilização da ferrovia, que inclui a aquisição de vagões por parte dos produtores. O presidente da Ferroeste estima que o investimento necessário para a compra de um vagão seria de R$ 200 mil. Mas existem linhas de financiamento, como a do BNDES, e ainda precisamos verificar a possibilidade de incentivos fiscais, ressaltou.
Durante a visita do diretor Administrativo e Financeiro da concessionária, Ademir Bier, a empresas e cooperativas do oeste paranaense, o diretor da Faville Alimentos, Dalli Zadinello, comentou que antes a ferrovia era vista como um elefante a que só os grandes tinham acesso. A fabricante de bolachas e biscoitos produz cerca de sete contêineres/mês e, com uso do modal ferroviário, espera reduzir o gasto com transporte que, atualmente, representa 10% do custo da produção.
A direção da Ferroeste afirma que tem uma demanda reprimida por vagões e locomotivas devido à falta de investimentos da Ferropar, cuja falência foi decretada pela Justiça em dezembro de 2006. Atualmente, a ferrovia opera com uma frota de 13 locomotivas e 62 vagões locados pela Ferropar junto à Transferro Operadora Multimodal e Ferrovia Tereza Cristina, ambas de Santa Catarina. Para atender o volume de cargas, de acordo com a empresa, são necessárias 60 locomotivas e 732 vagões, conforme projeção da capacidade da ferrovia.
O representante do Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul (BRDE), Nelson Soffiatti, está acompanhando as visitas do diretor Ademir Bier aos empresários, esclarecendo temas relacionados principalmente à aquisição de vagões, uma vez que o banco dispõe de linhas de crédito para investimento no desenvolvimento da região.
A Ferroeste projeta comprar, em uma primeira etapa, 300 unidades – 150 utilizando recursos próprios e o restante, contando com o investimento produtores.
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