A América Latina Logística (ALL) prevê aumentar em até 25% a produtividade na sua malha com a implantação de um programa inédito de planejamento de circulação de trens. O projeto, que está recebendo investimentos de R$ 2,5 milhões, começou em 2005 nos estados do sul do País e parte de São Paulo e será ampliado, até abril deste ano, para a malha da antiga Brasil Ferrovias – comprada pela ALL no ano passado – e que abrange os estados de São Paulo, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Até o final do ano, também deve ser implantado nas ferrovias que a companhia tem na Argentina, a Meso e a BAP. A ALL opera hoje uma área de 21 mil quilômetros de ferrovias nos dois países. “Além da redução do tempo de viagem, poderemos conseguir uma diminuição, dependendo do trecho, de 9% a 32% o consumo de combustível”, prevê Sildomar Tavares de Arruda, gerente do Centro de Controle Operacional (CCO) da ALL.
Na prática, segundo Arruda, os ganhos são obtidos graças à utilização de um software de suporte à tomada de decisões, que diminui o tempo em que o controlador de tráfego dedica à programação de circulação de trens. “Até agora, a operação era manual. Qualquer alteração obrigava o controlador a refazer, com lápis e borracha, o planejamento. Agora, ele coloca as variáveis no sistema, que faz as simulações dos resultados, reduzindo o tempo e melhorando as tomadas de decisões”.
Segundo Arruda, hoje um dos principais desafios da ferrovia é reduzir o tempo em que os trens ficam parados. Aumentar a velocidade de entrega das cargas, otimizar a programação, diminuir o desgaste dos ativos e reduzir custos significam pontos frente à concorrência com o transporte rodoviário. “No caso da ALL, o sistema já reduziu em alguns trechos em 16,8% o tempo de permanência dos trens nos pátios, para 2,8 horas”, lembra Rodrigo Gonçalves, diretor técnico e um dos fundadores da CFlex, empresa com sede em Campinas (SP) que desenvolveu o software usado pela ALL, batizado de Trains. “A relevância do projeto é que ele possibilita considerar um número grande de variáveis e mesmo assim prever resultados em um curto espaço de tempo. Nunca foi utilizado um sistema tão complexo como esse no setor ferroviário”, diz Arruda.
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A ALL monitorou, em agosto de 2006, os resultados do software no planejamento de trens no trecho entre Apucarana e Ponta Grossa, no Paraná, um dos pontos de maior fluxo de cargas da malha da empresa. “Acompanhamos um período de pico de safra e em um trecho por onde passam 20 trens por dia. Conseguimos redução de tempo de viagem de até 14%”, lembra. O próximo passo, segundo o executivo da ALL, é ampliar o aproveitamento com a distribuição de vagões e saturação da malha.
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