A Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) anunciou, ontem, um pacote de pequenas obras no metrô de Belo Horizonte, custeadas com os R$ 186,3 milhões previstos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), do governo federal. O dinheiro será suficiente apenas para terminar a linha 1 (Eldorado-Vilarinho), empreendimento que se arrasta desde 1981, e retomar o trabalho na Linha 2 (Barreiro-hospitais-Santa Tereza), paralisado desde 2004. A maior parte dos recursos – R$ 167,3 milhões – será usada para preparar a infra-estrutura do ramal Calafate-Barreiro, traçado em superfície do último trecho. Mas não chega nem perto do necessário para concluir o ramal, tampouco todo o sistema metroviário, projetos que devem ficar um bom tempo no sonho dos mineiros.
O projeto do metrô da capital prevê, além da Linha 2, com nove quilômetros em superfície e 11 subterrâneos, a construção de uma terceira linha, com 12,5 quilômetros subterrâneos, ligando a Pampulha à Savassi. A estimativa é de que ambas consumam US$ 1,5 bilhão (R$ 3,1 bilhões), mas o valor exato não está definido. O presidente da CBTU, João Luiz da Silva Dias, explica que parte do dinheiro do PAC será usado para projetar os dois trechos e, só depois disso, a empresa deve buscar financiamento para as obras. “O importante é planejar primeiro, para depois buscar o dinheiro. Caso contrário, corremos o risco de fazer um orçamento equivocado ”, justifica, reforçando que BH sai na frente das demais, já que é a única a fazer planejamento, antes de correr o pires.
Os projetos, bem como as obras anunciadas ontem serão executados em 30 meses. As intervenções no ramal Barreiro-Calafate incluem terraplenagem, remoção de interferências e o remanejamento da linha de carga que passa pelo local, além da construção da rede de drenagem e de muros para cercar a faixa de domínio. Quatro passarelas e duas passagens inferiores serão feitas ao longo dos nove quilômetros. Os investimentos prevêem também uma estação, anexa ao futuro terminal rodoviário, no Calafate, orçada em R$ 20 milhões. Um viaduto férreo será erguido próximo à futuro terminal Ferrugem, no Barreiro, ao custo de R$ 25,5 milhões. Pelo menos 250 famílias devem ser desapropriadas, o que custará R$ 6,2 milhões.
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EDITAIS
Nos próximos dias, a CBTU começa a publicar editais de licitação para escolher as empresas responsáveis pelas obras. Algumas concorrências já foram abertas, há alguns anos, e estão paradas. A Linha 2 começou a ser feita em 1998, precipitadamente, com desapropriações, construção de alguns viadutos e de uma estação próximo à Avenida Amazonas. O investimento foi de R$ 60 milhões, mas, sem dinheiro, as obras foram abandonadas. Por falta de projeto, o terminal foi feito de maneira equivocada e, possivelmente, não poderá ser aproveitado. A CBTU pretende fazer uma reforma e transformá-lo, provisoriamente, em escritório.
Na Linha 1, serão aplicados R$ 18,9 milhões. A maior parte dos recursos será destinada a melhorias no sistema de sinalização e na conclusão do terminal de integração ônibus-metrô, anexo à Estação Vilarinho, em Venda Nova. Nesse caso, serão gastos R$ 6,2 milhões. É a obra que falta para terminar o trecho, cujos trens estão em operação desde 2005. João Luiz da Silva Dias explica que, devido às chuvas, a entrega, prevista para dezembro, só deve ocorrer em julho deste ano. Segundo ele, a inauguração abre caminho para a estadualização da rede metroviária. Convênio assinado em 1995 determina a transferência para o estado e a prefeitura na conclusão da Linha 1.
O processo prevê a criação de uma empresa, administrada por representantes das duas esferas de governo, para gerir o metrô. Porém, para assumir o sistema, ambas querem garantias de que não terão prejuízo. Atualmente, cada passageiro transportado custa R$ 2,30 à União, mas a receita é de R$ 1,30. Só no ano passado, o rombo foi de R$ 34 milhões. Outro problema é o passivo de dívidas trabalhistas e tributárias da compan
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