Representantes do setor produtivo de Pernambuco demonstram ontem preocupação com as declarações do novo ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira, que pretende alterar o projeto da ferrovia Transnordestina, com a criação de um ramal ligando a região de Barreiras, no Oeste baiano, ao Porto de Salvador. O temor dos empresários é que o trecho pernambucano, que vai até o Complexo de Suape seja prejudicado.
“Esse trecho baiano não está no traçado original. O que temos, de fato, são os ramais para o Ceará e Pernambuco. Se houver recursos e tempo hábil para modificar o projeto, não somos contra, desde que não atrapalhe o andamento das obras”, defende o presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, que entregou ontem a agenda do setor industrial ao Congresso Nacional (leia matéria na página 5).
Na avaliação do presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe), Jorge Côrte Real, o projeto da Transnordestina é fundamental para o Estado e o governo federal deveria acelerar as obras dos trechos já existentes. “A Transnordestina é a espinha dorsal para a interiorização do desenvolvimento em Pernambuco. Esperamos que essa idéia de modificar o projeto não atrase as obras no Estado”, pondera. Com investimento de R$ 4,5 bilhões, o projeto da ferrovia vem sendo discutido há pelo menos oito anos.
ESTALEIRO – O estaleiro Atlântico Sul estuda formas de melhorar a futura infra-estrutura social dos mais de 5.000 funcionários que trabalharão no pólo naval em Suape. A proposta da empresa é fomentar a vinda de empreendedores imobiliários para a área e dotar de infra-estrutura mínima, como hospital e escola. A obra da unidade iniciou há 15 dias o estaqueamento, que foi conferida ontem pelo governador Eduardo Campos, após a solenidade de lançamento das obras do moinho da Bunge.
“O estaleiro tem uma preocupação por saber que a região não tem infra-estrutura para isso. Não vamos investir diretamente em moradia, mas queremos trazer parceiros que possam construir. Faremos o papel de catalisador”, afirmou o diretor de implantação do estaleiro, Edílson Rocha Dias. Ele também afirmou que o empreendimento tem interesse em acelerar o ciclo de treinamento do Programa de Mobilização da Indústria Nacional de Petróleo e Gás (Prominp), responsável por capacitar os trabalhadores para os grandes projetos. “Em nove meses eu queria começar a treinar funcionários para soldagem”, afirmou. Dentro de 15 meses, o estaleiro ainda não estará completamente pronto mas começará a processar chapas de aço para atender a encomenda da Transpetro.
O executivo espera resolver a pendência do financiamento com o BNDES dentro de um mês, já que o estaleiro teve suas obras iniciadas com capital próprio dos acionistas, Camargo Corrêa, Queiroz Galvão e Promar. Para isso, o terreno precisa ser aforado (uma espécie de compra) em favor do estaleiro.
Seja o primeiro a comentar