Dizem por aí que um gato tem sete vidas e parece que uma ferrovia vai pelo mesmo caminho. Pelo menos parece ser o caso da E. F. Amapá. A empresa foi construída na década de 1950 para transportar minério de manganês e o transportou durante quase 50 anos; o minério acabou, a concessão também, a ferrovia voltou a ser estatal e o Estado descobriu que ela dava prejuízo em parte por não ter grandes cargas para transportar e em parte porque o mesmo estado construiu uma rodovia paralela à linha férrea. O Estado então fez uma nova concessão para uma empresa que acabou desistindo da mesma e agora a concedeu a MMX Mineração.
A MMX Mineração é uma empresa que tem recursos e pretende, associada a Cleveland Cliffs, explorar uma mina de minério de ferro situada a cerca de 100km à oeste da Serra do Navio, terminal da Amapá. No total, entre investimentos na ferrovia, terminal portuário, mina de minério de ferro, usinas de ferro gusa e de semi-acabados as duas empresas investirão US$ 915 milhões. Ou seja, enquanto nos tempos do minério de manganês o estado só o exportava, agora poderá haver um começo de industrialização na região criando riquezas e empregos numa região carente.
A ferrovia que se acha semi-abandonada e em estado precário será totalmente reconstruída e modernizada. O transporte entre a mina e a ferrovia será feita de caminhão. Dependendo da quantidade e qualidade do minério da mina da MMX, poderia valer a pena estender a ferrovia, mas uma concessão de apenas 20 anos torna essa medida difícil; seria o caso de negociar uma concessão maior, se houver minério em quantidade e qualidade que justifiquem a extensão.
Uma curiosidade: a Amsted-Maxion, maior fabricante de vagões do país, ao anunciar suas vendas de vagões em janeiro, mostrou que sua maior venda foi para a Amapá. Foram apenas 82 vagões, indicando que o boom de vendas de vagões que ocorreu em 2004/5 acabou.
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