No momento em que se discute a retomada do turismo ferroviário, Sorocaba e região ficam também mais perto de se transformar num pólo de restauração de locomotivas e vagões antigos. Quem está à frente do projeto são os sócios Thomaz Palaia e João Carlos de Almeida, respectivamente filho e genro do engenheiro e historiador Linconl Palaia. Apaixonado por trens, Palaia, que faleceu em setembro do ano passado, deixou como legado um espaço construído dentro de sua chácara, em Votorantim, onde as composições são recuperadas.
Para ter idéia do alcance do trabalho, mais de 20 “marias-fumaça” catalogadas entre as cerca de 200 espalhadas pelo país passaram por reparos na oficina. A mais recente, batizada de Maria do Carmo, ou designada pelo número 58, voltou para Sorocaba e está exposta na Estação Paula Souza. Foi nela que o prefeito Vitor Lippi (PSDB) fez parte do passeio que seu governo planeja tornar realidade e que consiste num trajeto entre o Casarão de Brigadeiro Tobias e a sede da Fazenda Ipanema, em Iperó.
A cobertura do trecho de pouco mais de seis quilômetros seria uma opção de lazer oferecida aos sorocabanos e aficcionados de outras regiões. É uma iniciativa de retorno assegurado, como comprovam números da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF). A entidade administra um roteiro ferroviário entre as estações de Anhumas e Jaguariúna que, por semana, transporta mais de mil pessoas. Sorocaba, comentam Thomaz e João Carlos, tem potencial ainda maior a ser explorado.
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A estrutura aqui mantida precisaria, é claro, ser melhorada. A linha demanda reparos e a própria estação passa por processo de restauro, depois de ter sido incorporada ao patrimônio municipal. Além disso, a Flona também reclama intervenções para receber o público visitante. O governo desenvolve estudos em parceria com a Universidade Federal de São Carlos (Ufscar) para viabilizar o projeto. Existe ainda a disposição de revitalizar a região onde o prédio está localizado, o que envolveria a reforma do Museu Ferroviário e de imóveis próximos.
Relíquias
Na oficina, por outro lado, podem ser encontradas relíquias que reforçam a importância histórica da ferrovia para o Sorocaba e o país. Máquinas centenárias que esperam na fila para ser recuperadas, recebem tratamento para voltar à forma original. Thomaz e João Carlos afirmam que têm condições de não só revitalizar esteticamente os trens, como de colocá-los de novo para rodar. Tecnologia e conhecimento os empresários acumularam durante o aprendizado com Linconl Palaia.
O engenheiro transferiu-se para Sorocaba na década de 70, para coordenar a instalação da fábrica da BSI. A paixão por raridades fez com que adquirisse carros antigos e, em seguida, locomotivas esquecidas nos pátios de estações do interior. Uma delas, a 58, foi pivô de uma disputa judicial. Depois de transferida para Campinas, retornou para Sorocaba. Além dela, Palaia mantém outras preciosidades. No momento, os empresários comandam a restauração de uma locomotiva pertencente à cidade de Paraguaçu Paulista. Os serviços devem estar concluídos dentro de aproximadamente dois meses.
Enquanto isso, Thomaz e João Carlos aguardam para ver o turismo ferroviário novamente nos trilhos.
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