Desde que o ministro da Integração Nacional, Geddel Vieira (PMDB), declarou sua intenção de incluir um novo ramal da Ferrovia Transnordestina ligando a região de Barreiras, na Bahia, aos Portos do Estado, as lideranças políticas de Pernambuco estão preocupadas com a perda do espaço previsto na proposta inicial. Pelo projeto atual, a ferrovia irá da cidade de Eliseu Martins (PI) até Salgueiro (PE), onde haverá uma bifurcação para os Portos de Pecém (CE) e Suape (PE). Ontem, o assunto foi tratado no Plenário da Assembléia.
O assunto foi abordado, no Pequeno Expediente, por José Queiroz (PDT) e, durante a aprovação do Requerimento nº 201/07, de Raimundo Pimentel (PSDB). A matéria solicita a realização de uma audiência pública para discutir a possibilidade de estender até Araripina, no Sertão, o ramal que ligará Salgueiro a Trindade. Além de Pimentel, discutiram o requerimento os deputados Pedro Eurico (PSDB), Isaltino Nascimento (PT) e Bringel (PSDB).
Segundo Queiroz, o Ceará conseguiu uma rota de escoamento para o Porto de Pecém e a Bahia poderá ganhar uma linha para o de Salvador. “Os diretores da Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) são cearenses e o ministro da Integração, baiano. Está existindo um favorecimento por parte de quem comanda o projeto. Pernambuco pode sofrer as conseqüências”, afirmou o pedetista, que pediu a intervenção do governador Eduardo Campos (PSB). “A obra deve beneficiar toda a população nordestina, porém as ações da União não podem prejudicar os Estados que já estão incluídos desde o início”, ponderou.
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Durante a discussão do requerimento, Eurico alertou que “a Assembléia tem a obrigação de se unir com a bancada federal para defender o ramal Petrolina/Salgueiro/Recife. Não se pode, depois de cem anos de luta, querer transferi-lo para a Bahia. Na visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), amanhã (hoje), os governistas deverão cobrar o compromisso firmado”, ressaltou. Isaltino garantiu que os traçados definidos não serão modificados. “A estrutura prevista anteriormente está garantida, independentemente do desejo do novo ministro”, esclareceu.
Pimentel justificou o pedido da audiência, lembrando que, pelo traçado definido, o ponto de embarque da ferrovia está situado em Trindade, “distante das minerações de Araripina”. “Entendemos que a central do terminal de cargas deve ser estendida para Araripina porque grande parte das reservas de gipsita está localizada lá”, afirmou.
Bringel salientou que o projeto do ramal que vai de Parnamirim a Araripina está pronto e, com a passagem da rota somente por Trindade, o “projeto se torna inviável para o setor gesseiro”. “Precisaremos de um transporte de Araripina para Trindade e o frete tornará isso inviável. Faço um apelo para levar a Transnordestina até Araripina”, solicitou.
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