Quem não conhece e observa de fora, pensa que ao lado da estação ferroviária de Rio Negrinho, no Planalto Norte, fica um ferro-velho de vagões e locomotivas. Grande engano. No local, funciona a oficina onde são feitas restaurações das peças antigas. O processo é lento, por falta de pessoal, de recursos financeiros e porque não existem peças para reposição no mercado. Tudo precisa ser fabricado.
Apesar das dificuldades, a seccional catarinense da Associação Brasileira de Preservação Ferroviária (ABPF) luta para manter viva a história de um período de glória dos trens no País. Muito do passado já foi perdido. Por conta da falta de cuidados, mais ainda pode se perder.
Pela oficina da Associação em Rio Negrinho, em 12 anos de fundação, já passaram algumas relíquias, como locomotivas construídas em 1906 e em 1913.
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Algumas delas restauradas no local são imponentes e impressionam pelo tamanho, chegando a pesar mais de cem toneladas. E todas movidas a vapor. As marias-fumaça, como são conhecidas, operaram no País por quase um século, mas aos poucos foram substituídas por locomotivas com motor de óleo diesel.
A sede da ABPF funciona na própria estação ferroviária. O prédio, inaugurado em 1914, sofre com cupins e infiltrações. Além de melhorias no local, a associação sonha com uma área própria para a construção do museu ferroviário, onde turistas possam conhecer mais sobre as marias-fumaça e artefatos utilizados antigamente.
Grande parte desse material está em salas da antiga estação ferroviária. Como não é um local apropriado, não pode ser visitado.
Parte do acervo da ABPF foi transferida para Piratuba. Já são três locomotivas e oito vagões que partiram de Rio Negrinh, por falta de espaço na cidade para guardar o acervo.
Outro problema é o fato de vagões – construídos em madeira-de-lei – ficarem expostos à chuva. Desta forma, a vida útil diminui.
– Nosso objetivo é ter no acervo um modelo de cada locomotiva, e todas funcionando – observa o diretor-administrativo da ABPF/SC, Ralf Ilg.
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