A falta de investimentos nos portos baianos pode travar o crescimento do estado nos próximos anos. Principais canais de escoação da produção local, os três mais importantes equipamentos portuários, localizados em Salvador, Aratu e Ilhéus, apresentam gargalos, o que tem resultado, inclusive, na perda de cargas para outros estados. Somente o porto da capital necessita de investimentos, considerados urgentes, da ordem de R$140 milhões, na construção de um novo terminal de contêineres que atenda à demanda crescente. O diretor executivo da Associação dos Usuários dos Terminais Portuários de Salvador (Usuport), Paulo Villa, afirmou que a situação é crítica, gerando ineficiência, elevação de custos e perda de competitividade.
Villa disse que no Porto de Aratu é também urgente a implantação de terminais de granéis sólidos e líquidos. Nos últimos 11 anos, segundo ele, os usuários deste equipamento, localizado no município de Candeias, pagaram pela espera dos navios o equivalente a R$600 milhões, valor que daria para construir dois novos portos na Bahia. Foram nada menos dez mil dias de espera somados. “O gargalo já existe e preocupa. O estado não vai conseguir crescer sem a implantação dos novos terminais”, citou.
O diretor da Usuport destacou que o movimento de cargas no Porto de Salvador, por exemplo, vem praticamente dobrando a cada cinco anos, e a infra-estrutura continua a mesma. Paulo Villa informou que, em 2003, 10% do comércio exterior baiano era feito através de portos de outros estados, como Santos (SP), Itaguaí (RJ), Suape (PE) e Pecém (CE). No ano passado, o percentual pulou para 19%. “Os nossos portos estão sendo incapazes de atender tamanha demanda. A Bahia tem um potencial muito grande, mas a falta de infra-estrutura está atrapalhando”, enfatizou.
A Companhia das Docas do Estado da Bahia (Codeba) _ agora subordinada à nova Secretaria Especial de Portos, do governo federal _ confirmou, ontem, que, somente no primeiro trimestre deste ano houve um crescimento de nada menos que 27,2% na movimentação de cargas nos portos de Salvador, Aratu e Ilhéus, administrados pela estatal. Foram 2,3 milhões de toneladas. O porto da capital somou 686 mil/t; Aratu totalizou 1,49 milhão, e Ilhéus confirmou 194 mil toneladas. Em nota, o presidente interino da Codeba, Newton Dias, informou que a companhia já iniciou, em Salvador, a obra de contenção e aprofundamento dos trechos alargados do cais comercial; os estudos e projetos para a ampliação em 500 metros do cais da Ponta Norte, visando a criação de mais dois berços com profundidade de 15m, e mais cem mil metros quadrados de área de aterro para implantação de um novo terminal de contêineres.
Terminal deve custar R$140 milhões
A Codeba anunciou, no início de 2006, que pretendia lançar no primeiro semestre do mesmo ano o processo de licitação para construção e exploração do novo terminal de contêineres do Porto de Salvador. Mas, até o momento, não há sinais do edital.
Segundo a companhia das docas, o projeto ainda está em estudos. A idéia da Usuport é que o empreendimento, orçado em R$140 milhões, possa ser desenvolvido em três etapas pela iniciativa privada, que vai construir e explorar o terminal. Ele teria dois berços em 708m de cais e 243 mil metros quadrados de área total, sendo que dez mil metros de armazéns.
“Os novos investimentos em infra-estrutura portuária já deveriam ter sido realizados pelo menos nos últimos sete anos”, afirmou o diretor executivo da Usuport, Paulo Villa. Este novo terminal no Porto de Salvador, especificamente, deverá, segundo ele, não apenas desobstruir o gargalo existente, como também recuperar e atrair novas cargas, ampliar os negócios e o número de empregos, atrair novos investimentos industriais para a Bahia e conseqüentemente elevar a receita tributária do estado.
O projeto da Usuport indica que a primeira etapa deveria estar concluída até 2008, após investimentos de R$38 milhões, e incluiria 165 metros de cais. A se
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