As soluções para desafogar o tráfego aéreo de Congonhas passam pelo investimento em outros meios de transporte. A redução no número de vôos precisa ser acompanhada do seu direcionamento para outros locais próximos à cidade de São Paulo, como os aeroportos de Guarulhos e Viracopos. No entanto, para que os passageiros cheguem mais facilmente a esses locais, é necessária a construção de trens que liguem a capital e essas áreas mais distantes do centro.
As medidas anunciadas pelo governo na sexta-feira, contemplam, em parte, as sugestões propostas por especialistas para desafogar Congonhas. Elas visam restringir o uso para vôos regionais e prevêem a construção de um novo aeroporto na região metropolitana.
Esta é a mesma idéia do arquiteto Ricardo Guerra Florez, autor de um projeto que propõe um aeroporto nas imediações do ABC paulista. O local seria apropriado justamente porque, nos próximos anos, o Rodoanel passará por essa região e facilitará o acesso. Florez, que também é piloto, participou dos projetos dos aeroportos do Galeão, no Rio de Janeiro, de Florianópolis e de Manaus.
Na avaliação de Florez, essa obra poderia comportar tanto uma demanda maior de passageiros como a de transporte de cargas. “Ele ficaria próximo do mar e da serra, locais onde o barulho acaba sendo amenizado”, explica. Para Florez, o aeroporto de Congonhas não é perigoso. Perigosa é a forma como ele é operado atualmente.
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O arquiteto Jorge Wilheim, que foi secretário de Planejamento na gestão da ex-prefeita Marta Suplicy, acredita que a melhor forma de desafogá-lo é transferir parte dos vôos para Guarulhos. Para isso será preciso construir trilhos para um trem que faça a ligação entre ele e o terminal da Barra Funda ou entre o aeroporto e a estação da Luz.
Esse projeto já foi elaborado e apresentado para a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos, a CPTM. Wilheim diz que a obra não levaria mais que dois anos para ficar pronta porque ela poderia utilizar a parte já existente do leito do trem da CPTM até o bairro do Tatuapé. Depois seria preciso construir o trecho até Guarulhos. O trajeto seria feito em 20 minutos. O governo de São Paulo tem listado essa obra como uma possível Parceria Público-Privada (PPP) e prevê lançar o editar no fim do ano.
Essa solução, contudo, também passa pela ampliação do aeroporto de Guarulhos. “Espaço físico para uma terceira pista existe, o que precisamos é que o governo decida e inicie a construção”, ressalta o arquiteto.
Congonhas está saturada por conta do grande número de conexões que lá são feitas. Para Wilheim, “isso é fruto do interesse das empresas, mas precisa ser revisto. É necessário estudar se essas conexões não podem ser feitas em outros locais.” Regina Meyer, professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), se preocupa com os efeitos sobre a mancha urbana. “Existe grande urgência para a redução no número de aeronaves que ali circulam. A situação atual é uma loucura”, enfatiza.
Uma outra alternativa além de Guarulhos seria transferir alguns vôos para Viracopos e Campo de Marte. Os arquitetos discordam nessa questão. Wilheim é favorável ao melhor uso do aeroporto de Campinas. Para isso seria necessária a construção de um trem rápido. Ele explica que quando a rodovia dos Bandeirantes foi construída, foi deixada uma ilha central com a idéia de que, no futuro, um trem passasse por ali. Nos últimos anos, o governo estadual usou parte dessa ilha e fez mais uma pista.
Para Florez, Viracopos não é uma solução economicamente viável. A construção do trem rápido exige tempo e dinheiro. “Enquanto isso, as pessoas teriam que chegar lá por outras formas. Táxi, por exemplo, custa quase a mesma coisa de uma passagem”, diz. A saída, então, seria colocar os vôos particulares e de menor porte no Campo de Marte. “Ele é subutilizado, estão jogando fora uma grande oportunidade”, afirma. Ele conta que desde 1948 existe
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