O Plano Nacional de Logística de Transportes foi discutido ontem no estado como gancho que faltava para a inclusão do ramal ferroviário Mossoró-Natal no PAC, Programa do governo federal que pode ajudá-lo a sair do papel. A avaliação é do presidente da Companhia Docas do RN (Codern), Renato Fernandes, que espera ver o projeto de quase R$ 1 bilhão incluído na versão 2007 do PNLT e, se tudo caminhar bem, executado até 2012. ‘‘Para o ramal, a inclusão no PNLT significa passar a ser analisado com perspectivas de implantação e daí para ser incluso no PAC é um pulo. Uma vez no PAC ele deve se tornar irreversível, mesmo que seja através de Parceria Público-Privada’’, estima.
Para integrar o Programa de Aceleração do Crescimento, a ferrovia precisa do estudo de viabilidade técnica e econômica, que já foi concluído, de licenças ambientais e dos projetos executivos, nesse caso do sistema ferroviário e do terminal de granéis sólidos também previsto no projeto. O primeiro deve ser elaborado pela própria Codern, que reservou R$ 1 milhão do orçamento deste ano para esse fim. A expectativa é que o segundo seja bancado pelo governo do estado através da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico.
O pleito de inclusão ganha força porque o ramal é intermodal como sugere o PNLT. O traçado vai dar suporte aos modais marítimo, ferroviário e aeroviário do estado, nesse último caso porque uma das derivações contempla o futuro Aeroporto de São Gonçalo do Amarante.
Ao todo serão 470,2Km de linhas férreas indo de Natal a Mossoró com ramificações em São Gonçalo do Amarante, Afonso Bezerra, Macau, Guamaré, Assu, Jucurutu e Areia Branca. Segundo o estudo de viabilidade elaborado pela empresa Petcon, serão recuperados 240Km – sendo 203,1Km do trecho Ceará Mirim-Macau e 38,9Km do trecho da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) – além de construídos mais 228,2Km. Através dos trilhos poderão ser transportadas mercadorias como minério de ferro, calcário, cerâmica, açúcar refinado, cimento ensacado, frutas, óleo diesel, e sal.
Entre as perspectivas do projeto estão a de gerar uma logística mais competitiva, reduzir custos e originar negócios por onde passar. Os especialistas dizem ainda que deve aumentar em cerca de 17% a arrecadação de ICMS no RN. A expectativa é que o retorno do investimento venha 10 anos após a conclusão, prevista pela Codern para 2012 se os projetos executivos forem concluídos até o primeiro semestre do próximo ano.
PNLT
Apresentado por membros da Secretaria Estadual de Infra-estrutura e do Ministério dos Transportes, o Plano Nacional de Logística de Transportes pretende ser uma ferramenta de planejamento logístico para nortear as ações de investimento do MT e auxiliar os setores público e privado a planejar melhor seus investimentos de médio e longo prazos. É visto como um marco para a retomada do planejamento nessa área, ausente durante cerca de duas décadas.
O documento elenca vários projetos previstos para o setor de transportes em todo o Brasil, traçando cenários para que possam se consolidar com sucesso. Traz dados, por exemplo, sobre oferta e demanda em todas as modalidades de transportes.
O principal projeto, no caso do Rio Grande do Norte, é o Aeroporto de São Gonçalo do Amarante, obra mais cara entre as do Nordeste Setentrional no período de 2008 a 2011, com perspectivas de custar aproximadamente R$ 780 milhões. Obras em rodovias e no Porto de Natal também estão inclusas no documento, mas não devem ser as únicas já que o objetivo do evento de ontem também era colher sugestões do Estado que podem entrar no documento antes da elaboração final, que deve ocorrer até outubro.
Seja o primeiro a comentar