O controlador Edson Assumpção Filho, um dos envolvidos no acidente entre dois trens que matou oito pessoas e feriu 101 no dia 30 de agosto, em Austin, na Baixada Fluminense, está desaparecido. Ele não foi localizado pela SuperVia para receber o comunicado oficial sobre a sua punição por ter sido responsabilizado administrativamente pelo acidente. O outro ferroviário sujeito à punição é o maquinista Norival Ribeiro Nascimento.
A empresa decidiu que não vai divulgar qual será a punição enquanto os dois profissionais não foram comunicados. De acordo com o diretor operacional da SuperVia, João Gouveia, os funcionários cometeram uma seqüência de cinco erros e não se comunicaram corretamente no trecho entre a estação de Comendador Soares e o local do acidente. Essa é uma das conclusões da comissão interna que investigou o caso.
Laudo tendencioso
O advogado do maquinista Norival Ribeiro Nascimento, que conduzia o trem de passageiros, disse que o laudo da comissão técnica da Supervia é “tendencioso”. Segundo Leonardo Machado, o documento foi elaborado exclusivamente pela concessionária de trens suburbanos do Rio.
O laudo apresentado na segunda-feira (11) pela concessionária aponta para erros do maquinista Norival e e do controlador do Centro de Controle Operacional, Edson Assumpção Filho. O advogado Machado considera que a maior parcela de responsabilidade pelo acidente é do controlador.
“O acidente não teria ocorrido se o controlador tivesse parado em Comendador Soares”, acusou o advogado.Em defesa do seu cliente, ele cita o laudo que considera tendenciosos para dizer que o controlador deu sinal verde para o trem de passageiros enquanto havia uma composição vindo na direção oposta.
O G1 ligou várias vezes para a casa do controlador, mas a ligação não foi retornada. Ele não teria contratado advogado até o momento.
O laudo da Supervia aponta a saída da estação de Comendador Soares, autorizada pelo controle, como o ponto de partida para a sucessão de erros que levou ao acidente.
Excesso de velocidade
Outra conclusão do laudo da SuperVia, a de que o maquinista não reduziu a velocidade do trem ao cruzar um sinal amarelo entre as estações de Comendador Soares e Austin, também foi desqualificada pelo advogado. Leonardo Machado garante que seu cliente recebeu sinal verde nesse trecho.
O advogado acrescentou que seu cliente, assim como outros maquinistas, para cumprir a viagem da estação da Central, no centro do Rio, até a de Japeri, na Baixada Fluminense, em 1 hora e 19 minutos. Segundo ele, por isso os maquinistas não respeitam o limite de velocidade de 60km/h. O laudo informou que o trem conduzido por Norival chegou a atingir 76km/h.
“Quando o trem passa de 80km/h, o CCO (Centro de Controle Operacional) trava o trem. Então, por que essa trava não ocorre a 60km/h? Eles precisam de uma velocidade superior pra cumprir. Se chegar atrasado, levam advertência”, diz o advogado do maquinista.
Machado disse que vai aguardar o fim do inquérito policial para traçar sua estratégia de defesa na Justiça. Antecipou, porém, que caso Norival seja demitido, mesmo que provando ser inocente, vai pedir indenização à Justiça do Trabalho.
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