Depois de passar os anos 70 com produção média anual de 3 mil vagões, os anos 80 com 1 mil unidades/ano e na primeira metade da década de 90 com cerca de 100 vagões por ano, a indústria ferroviária brasileira, representada pela Abifer – Associação Brasileira da Indústria Ferroviária, que completa 30 anos este ano, defende a importância do sistema ferroviário de cargas e de passageiros para dar sustentabilidade ao desenvolvimento econômico e social do País.
Em um passado recente, é possível notar que o setor se divide em dois períodos. O primeiro anterior a 1996, ano em que foram estabelecidas as concessões privadas para a operação da malha ferroviária brasileira. O sistema ferroviário vivia um momento de abandono e de ausência de investimentos do governo federal. O cenário começou a reverter quando foi iniciado o processo de desestatização dos sistemas ferroviários pertencentes à RFFSA – Rede Ferroviária Federal S.A.
Segundo dados da ANTF, as operadoras movimentaram, em 2006, 232,3 bilhões de TKU. Isso representa um crescimento de 73% comparado a 1997. “Podemos assegurar que com as privatizações e concessões do transporte ferroviário, iniciadas em 1996, a participação deste modal na matriz de transporte brasileira, que era 19%, no final da década de 90, cresceu para 26%”, revela o presidente da ABIFER, Luis Cesario Amaro da Silveira.
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Como indício do aumento da confiabilidade no sistema ferroviário de cargas, o leasing é, cada vez mais, utilizado nas operações. “As projeções para 2012 são de que o Brasil alcance 10% da frota nacional com vagões-leasing. Hoje não chega a 5%. Vale lembrar que, nos Estados Unidos, mais de 50% da frota de vagões é representada por frota própria e leasing”, explica Amaro da Silveira.
O setor privado, empolgado pelo aumento da demanda, modernizou a frota e aumentou a eficiência das ferrovias. A indústria ferroviária chegou a produzir, em 2005, cerca de sete mil vagões. No entanto, o setor tem capacidade produtiva de até 12 mil vagões por ano, mas a venda total em 2007 não deve ultrapassar a 1 mil unidades. “Isso ocorre devido, entre outros pontos, à falta de expansão da malha ferroviária nacional, compromisso do Governo Federal”, salienta Amaro da Silveira.
Na avaliação do presidente da ABIFER, ainda que o cenário setorial se mostre pessimista, a expectativa da indústria ferroviária brasileira está no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O programa pretende ampliar, até o ano de 2010, com mais de 2.500 quilômetros de ferrovias, além da eliminação de gargalos e construção de contornos ferroviários. “Ainda é muito pouco para que o Brasil precisa, face à natureza das cargas transportadas e pelas distâncias percorridas. O PAC privilegiou o sistema rodoviário contemplado com a construção de 6.876 quilômetros, a duplicação de 3.214 e a recuperação de 32 mil quilômetros de rodovias federais”, pondera o presidente da ABIFER.
Logística – O maior produtor e exportador mundial de soja são os EUA que também é o nosso maior concorrente no mercado mundial onde ocupamos o segundo lugar. País de grandes dimensões, os norte-americanos se preocupam com o preço do transporte interno que tem grande importância no custo final do produto agrícola. “Nesse caso é sempre recomendável o emprego da multimodalidade, usando os modais fluvial, ferroviário e rodoviário, preferencialmente nesta ordem”, comenta Amaro da Silveira.
Segundo a Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais), nos EUA, 61% do transporte de soja é efetuado via fluvial, no caso o Rio Mississipi é fundamental para o escoamento da produção. “No Brasil, a nossa matriz é inversa e perversa para o produtor brasileiro. 60% do transporte é feito por rodovia. Resultante dessa discrepância que, ainda de acordo com a Abiove, o frete interno para distâncias acima de 1000 km nos Estados Unidos é de US$ 15/tonelada, enquanto que no Mato Grosso, na recente
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