Ao ativar ontem o primeiro forno da siderúrgica de ferro-gusa de Corumbá, que terá capacidade para produzir 400 mil toneladas/ano, o presidente do grupo MMX Eike Batista prometeu aplicar mais R$ 600 milhões na planta de Corumbá, cujos investimentos globais, incluindo também os projetos de reflorestamento, chegarão a R$ 1,8 bilhão. Batista anunciou ainda que em seis meses retoma as obras da unidade similar na cidade boliviana de Puerto Suarez, em construção pela holding EBX. Em abril de 2006 a empresa foi expulsa pelo presidente Evo Morales, acusada de burlar normas ambientais.
Com investimento até agora de US$ 75 milhões, a usina do outro lado da fronteira (distante 10 km de Corumbá) foi ameaçada de desmanche pelo Governo boliviano. Eike Batista retomou as negociações e o acordo sai em outubro, conforme revelou. A indústria está sendo implantada na zona franca de Puerto Suarez. Para retomá-la, a EBX propôs pagar integralmente os impostos que seriam isentos. Durante o ato, um vídeo detalhou o mais novo projeto do empresário: a construção do Porto Brasil, em São Paulo, com investimentos de R$ 3 bilhões, com um ramal ferroviário para receber o minério de ferro de Corumbá.
A unidade da Bolívia terá quatro fornos e produzirá 800 mil toneladas de gusa/ano, beneficiando o minério das reservas bolivianas de Mutum e também da sua jazida de Corumbá. As usinas da EBX e da MMX vão exportar grande parte da produção, mas a partir de 2009 operam com sua capacidade máxima para abastecer as unidades de aciaria, sinterização e laminado que serão instaladas no lado brasileiro.
A ativação do primeiro forno da unidade da MMX, ocorrida ontem às 11h15min, contou com a presença do governador André Puccinelli, do senador Delcídio do Amaral (PT) e prefeito Ruiter Cunha de Oliveira (PT). O ato realizado em uma tenda climatizada foi prestigiado também pelo suplente de senador Antônio João Hugo Rodrigues, lideranças e empresários da região.
Segundo forno – Eike Batista anunciou que em outubro também ativa o segundo forno da usina, que hoje gera 200 empregos diretos e 800 indiretos. Os investimentos chegarão a US$ 250 milhões e até dezembro serão exportadas 100 mil toneladas de gusa para os Estados, pela Hidrovia Paraguai-Paraná, em cumprimento de contrato. O primeiro carregamento (sete mil toneladas) vai acontecer na próxima semana.
A usina está sendo construída em tempo recorde (um ano e dois meses), apesar do embargo judicial em abril da Justiça Federal não reconhecendo o licenciamento ambiental dado pelo Estado. Ao lembrar-se desse episódio, o megaempresário disse que o comportamento de Corumbá, cuja população saiu às ruas para protestar contra a Justiça, foi fantástico.
Destacou o apoio que recebeu do Estado, do senador Delcídio do Amaral e do Município na superação de obstáculos judiciais e ambientais que colocavam em xeque o empreendimento. Tiro o chapéu por esta atitude, disse, referindo-se ao movimento dos corumbaenses e à participação pró-ativo do setor público. Posso ser um bom maestro, e acho que sou, mas sem apoio isso aqui não estaria de pé.
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