A discussão sobre a retomada dos projetos ferroviários em Santa Catarina ganhou força nesta semana no Estado. Em dois eventos foi avaliada a viabilidade econômica e social da ligação férrea Leste/Oeste e da Litorânea.
No primeiro caso, a estimativa é de que para o transporte de cargas ser rentável é necessário acesso até o Norte da Argentina. Já para o Litoral, o Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes (DNIT) em SC prevê o lançamento do edital de licitação ainda neste ano.
Na quinta-feira à noite aconteceu em Rio do Sul o 1º Fórum Estadual Pró-implantação da Malha Férrea. O projeto para a Leste/Oeste foi contratado pelo Sistema Ferroviário de Santa Catarina em 2001 junto ao escritório Consultor, de Porto Alegre, e desenvolvido em duas etapas distintas. O primeiro entre São Miguel DOeste e Itajaí e o segundo o da Ferrovia Litorânea, entre Imbituba, no Sul do Estado, e São Francisco do Sul, na região Norte. No final do evento, o governador Luiz Henrique de Silveira aprovou a criação de grupo de trabalho permanente pró-implantação de ferrovias em Santa Catarina, composto por entidades civis, iniciativa privada e poder público.
Propostas são consideradas tecnicamente viáveis – O engenheiro Carlos Rodrigues Ribeiro, responsável pela elaboração do projeto, destacou que a ferrovia Leste/Oeste tecnicamente é viável. O percurso previsto originalmente é de 450 quilômetros e custo estimado de US$ 337 milhões. A sua projeção é que até 2020 o transporte ferroviário ocupe uma fatia de 34% do volume de cargas. Esse projeto não contempla o transporte de passageiros.
Ribeiro também elaborou a proposta de reativação da Estrada de Ferro Santa Catarina, entre Agrolândia e Itajaí, mas com ramal até Navegantes. Neste trecho foi feita apenas a avaliação técnica. O custo está orçado em US$ 170 milhões, com aproveitamento ao máximo do antigo leito. Em cidades como Gaspar, Blumenau e Indaial o trajeto seria totalmente modificado.
O presidente do Grupo Batistela, Ildo Batistela, observou em sua palestra que não existe em qualquer parte do mundo ferrovia que sobreviva apenas do transporte de manufaturados. Por esta razão, ele defende que, em caso de implantação, é preciso avançar até no Norte da Argentina, possibilitando o escoamento de grãos e minérios até nos portos de SC.
– Na contramão, o trem levaria os produtos que Santa Catarina exporta para as províncias daquelas regiões – destacou Batistela.
Ele disse que o projeto precisa contemplar também o Paraguai, porque Santa Catarina vai se tornar centro logístico do sistema portuário.
– A tendência é que rodovias como a BRs-101, 470 e 280 se transformem num inferno com o aumento do tráfego de caminhões – advertiu.
– A malha rodoviária catarinense, principalmente a BR-470, não está suportando mais a quantidade de caminhões que transportam contêineres _ avaliou o governador Luiz Henrique.
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