Da primeira linha de transporte de passageiros, no início dos anos 1970, em São Paulo, até hoje, poucos investimentos foram feitos no segmento. Uma lástima, garantem os especialistas. Necessidade há, e o volume está muito aquém do necessário para o desenvolvimento das grandes metrópoles. “Não temos sequer uma linha dentro de Porto Alegre. A cidade é servida por uma pequena fatia do trem metropolitano”, afirma Humberto Kasper, superintendente de Desenvolvimento e Expansão da Trensurb.
A necessidade de um transporte ferroviário de massa para a Capital dos gaúchos, no entanto, pode sair do papel em breve. O município deverá estar com a primeira fase da chama Linha 2, que tem como trajeto o Centro, com saída da Avenida Borges de Medeiros, com destino à Praia de Belas, Azenha, Bento Gonçalves até chegar aos campus da Pucrs e da Ufrgs, as duas principais universidades.
A emenda ao Plano Plurianual da União (PPA de 2008 a 2011) que libera R$ 1 bilhão necessários para dar início aos trabalhos cria as condições técnicas para que o trabalho comece logo. Os recursos não são suficientes para concluir a fase inicial da obra, orçada em R$ 1,5 bilhões, mas dão um bom fôlego até a renovação dos recursos, que será prevista no PPA de 2012. “Temos o apoio da sociedade civil gaúcha para implantar de vez a linha do metrô”, comemora Kasper.
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Segundo ele, os corredores de ônibus estão saturados e é preciso investir em alternativas para a mobilidade urbana. “Precisamos dar no transporte de passageiros o salto que houve na área de cargas”, defende.
O principal entrave, diz, é o custo das obras em túneis subterrâneos. Cada um quilômetro de obra de metro custa, em média, de R$ 60 milhões a R$ 100 milhões. “A Terceira Perimetral toda custou praticamente o equivalente a um quilômetro de metrô.”
É em função dos altos custos que nem mesmo em países como os Estados Unidos e Canadá, que têm um forte sistema de metrô, têm serviço ferroviário de passageiros operado por empresas privadas. As operadoras existentes nesses países (Amtrack, no caso norte-americano e Via Rail, no Canadá) são estatais e requerem subsídios dos cofres públicos. “Mas temos que ter em mente que são obras de cunho permanente”, defende Kasper. Segundo ele, se não houver uma consciência política e econômica da necessidade de metrôs nos centros urbanos, haverá apagão no transporte coletivo.
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